São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Sarandon é uma das favoritas ao Oscar

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Aos 49 anos, a atriz Susan Sarandon afirma estar vivendo um dos melhores momentos de sua carreira. "Fiz muitas loucuras quando eu era jovem, tive uma vida selvagem mesmo. Mas sobrevivi e hoje me sinto abençoada", disse Susan em entrevista à Folha.
Se as previsões se confirmarem e ela ganhar o Oscar de melhor atriz por seu desempenho em "Dead Man Walking", Susan terá chegado ao topo da carreira.
Ela é apontada como vencedora certa, ao lado de Anthony Hopkins, que deve ser indicado por seu desempenho em "Nixon".
Casada com o ator e diretor Tim Robbins e mãe de dois filhos, Susan afirma que conseguiu conciliar sua vida pessoal e profissional.
Em "Dead Man Walking", ela faz o papel da freira Helen Prejean. O filme é baseado no livro que a freira escreveu sobre sua experiência como conselheira de dois americanos condenados à morte.
Susan conheceu Prejean durante as filmagens de "O Cliente" em Nova Orleans. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
*
Folha - Qual foi sua primeira impressão de Helen Prejean?
Susan Sarandon - Fiquei impressionada com sua vivacidade.
Folha - O que ela achou de ver seu livro transformado em filme?
Susan - No início estava meio receosa. Queria saber que filmes eu tinha feito. Ela havia acabado de assistir "Thelma e Louise" e só me chamava de Louise.
Folha - Vocês mudaram partes do livro de Helen. Por quê?
Susan - Tim teve que modificar algumas coisas quando escreveu o roteiro. Não queríamos fazer um filme piegas. Quando juntamos os dois personagens em um só e criamos Matthew Poncelet (Sean Penn) fizemos questão de que ele fosse repugnante.
Folha - Também há uma tensão sexual entre seu personagem e o de Sean Penn que não está no livro...
Susan - Pois é. Achamos que seria interessante e Helen concordou. Mas não é uma coisa sexy.
Folha - Mesmo tendo feito de Poncelet uma pessoa repugnante, o filme tem uma mensagem contra a pena de morte...
Susan - Levantamos uma série de questionamentos. Mas não transformamos "Dead Man Walking" num filme panfletário.
Folha - Você acha que o filme será bem recebido?
Susan - Não sei. Acho que sim, porque este é um assunto que interessa muito aos norte-americanos.
Folha - Você é contra a pena de morte?
Susan - Claro. A pena de morte nos EUA é racista e arbitrária. Só negros e pobres são condenados. Tenho filhos e acho que é normal os pais das vítimas quererem se vingar. Mas isso não resolve nada. Violência só chama mais violência. Estava conversando outro dia com meu filho e ele fez um comentário interessante: se o governo mata um criminoso porque ele assassinou alguém, quem é que vai matar o governo em seguida?

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