São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Proposta tira ensino técnico do 2º grau

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O MEC (Ministério da Educação) envia no mês que vem ao Congresso uma proposta de lei que tira os cursos técnicos do 2º grau. Quem quiser um diploma de curso técnico terá que fazer o 2º grau acadêmico (regular, em três anos) para depois fazer o curso, que terá de seis meses a dois anos.
Hoje os cursos técnicos duram quatro anos em média e misturam disciplinas profissionalizantes com as acadêmicas (português, matemática, biologia, química, história e geografia).
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) quer mudar também o ensino acadêmico, permitindo ao estudante escolher as áreas de conhecimento que preferir.
Uma das propostas em discussão na Semtec (Secretaria de Ensino Médio e Tecnológico do MEC) é de módulos com ênfases diversas -em comunicações e artes, língua e literatura, exatas (matemática e física), ciências da vida (química e biologia) ou informática.
Os alunos fariam um primeiro ano comum. Nos outros quatro semestres, poderiam escolher quatro módulos iguais ou diferentes.
Todos os módulos vão incluir uma carga horária mínima das principais disciplinas acadêmicas.
Outra proposta que também será discutida é algo próximo ao sistema dos EUA, em que o aluno monta seu currículo, escolhendo todas as disciplinas.
Para a secretária de Política Educacional do MEC, a antropóloga Eunice Durham, o problema desse sistema é que é muito caro, porque exige um número muito maior de professores.
"Não podemos continuar com um sistema injusto, que pode obrigar todos os estudantes a decorar poemas de Camões", disse.
Diferentemente das mudanças no ensino técnico, as mudanças no ensino acadêmico vão ser discutidas ainda por muito tempo. Em agosto, uma proposta fechada deve ser encaminhada ao Conselho Nacional de Educação, que será instalado daqui um mês.
"Queremos transformar o ensino técnico em pós-secundário", disse o ministro da Educação.

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