São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996 |
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Keitel e Carradine são "Os Duelistas"
JOSÉ GERALDO COUTO
Não que seja um mau filme. Longe disso. Há competência narrativa e apuro visual nesse anti-épico em que dois oficiais do exército de Napoleão (Keith Carradine e Harvey Keitel) nutrem uma rivalidade doentia e tenaz. Eles atravessam as décadas, as campanhas militares, os amores, com a idéia fixa de se enfrentarem em duelo. O tema guarda um curioso paralelo com o conto "O Duelo", de Guimarães Rosa, no qual o confronto entre os dois rivais também é muito menos físico que metafísico. A diferença é que Rosa busca e inventa a linguagem que potencializa seu drama. Já em "Os Duelistas", a forma parece se sobrepor ao drama. Há toda uma estética afetada e pseudo-sofisticada, feita de fotografia diáfana, névoas, poses e contraluzes. Se a história continua boa, esse visual publicitário chique já não engana mais ninguém. Outra atração da noite é "Nos Tempos da Brilhantina" (Globo, 1h10). Neste caso, ao contrário, o tempo acabou agindo em favor do filme. Sem pretensões artísticas, este romance boboca entre um delinquente juvenil (John Travolta) e uma dondoquinha (Olivia Newton-John) tentava recriar a atmosfera dos inocentes anos 50 sob a forma de um musical moderno. O filme é de 78. De lá para cá os anos 50 mudaram muito. A história é sempre contemporânea, dizia Benedetto Croce, e uma razão adicional para ver "Nos Tempos da Brilhantina" é procurar o quanto de anos 70 havia naquela imagem dos "fifties". Para quem ainda não viu, há a malemolência de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (22h45), que curiosamente passa também na TV paga (Fox, 21h). (JGC) Texto Anterior: Dona Pizza Hut escorrega mais que quiabo! Próximo Texto: Noite é de Spike Lee e Fritz Lang Índice |
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