São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Rio estréia duas peças de Nelson Rodrigues

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Peça: Vestido de Noiva
Autor: Nelson Rodrigues
Onde: Teatro Carlos Gomes (pça. Tiradentes, 19, centro, tel. 021/232-8701)
Quando: estréia hoje; quarta a sábado, às 21h; domingo, às 19h; até 28/01
Quanto: R$ 15

Peça: Dorotéia
Autor: Nelson Rodrigues
Onde: Teatro Ipanema (r. Prudente de Moraes, 824, tel. 021/247-9794)
Quando: estréia sexta; quinta a sábado, às 21h30; domingo, às 20h30; até 11/02
Quanto: R$ 15 (qui e dom) e R$ 20 (sex e sáb)

Um sucesso e um fracasso de público da dramaturgia de Nelson Rodrigues em suas primeiras montagens -"Vestido de Noiva" e "Dorotéia"- estréiam nesta semana no Rio, em espetáculos que preservam os textos originais e inovam na direção cênica.
"Vestido de Noiva" estréia hoje no teatro Carlos Gomes, com o grupo Tapa no elenco e direção de Eduardo Tolentino. "Dorotéia" faz temporada a partir de sexta.
Montada pela primeira vez há 50 anos por Ziembinski, "Vestido de Noiva" inaugurou o teatro moderno brasileiro ao diluir nos planos de realidade, memória e alucinação a história de Alaíde, mulher infeliz e traída pelo marido.
Alaíde é atropelada no início da peça e entra em coma. Em sua mente confusa pelo acidente, começam as lembranças da traição do marido, Pedro, que mantém um romance com sua irmã, Lúcia.
Em seus delírios, Alaíde vê a cortesã Madame Clécy, representação dos desejos sexuais recalcados da personagem.
A montagem do Tapa, já apresentada em São Paulo, aproveita jogos de luz e espelhos. "A memória do inconsciente, o flashback, revolucionários há 50 anos, hoje são recursos já assimilados pelo público. Optamos por uma diferença no cenário, revelando a parte escondida do palco", diz Tolentino.
O espetáculo ganhou em 1994 os prêmios Molière de melhor direção, atriz (Denise Weinberg) e cenografia, o Mambembe de melhor atriz e o APCA de melhor direção.
"Dorotéia"
Uma simbologia do desejo e da repressão fez da primeira montagem de "Dorotéia", dirigida por Ziembinski, em 1950, um fracasso de público e crítica só reabilitado anos mais tarde.
Na história, Nelson Rodrigues usa toques surrealistas: três primas muito feias têm uma doença que não lhes permite enxergar homens. Das Dores, filha de uma delas, nasceu morta, não foi avisada pela mãe e perambula pela casa.
Ela é a única da família que consegue enxergar figuras masculinas. A chegada de Dorotéia (Denise Milfont), prima prostituta, bonita e nada reprimida, reacende o desejo das outras mulheres.
"A montagem do Ziembinski era muito trágica. Optamos por retomar o tom de farsa irresponsável, definição do próprio Nelson para o texto", diz Fernando Guimarães, um dos diretores.
"Dorotéia" já percorreu várias capitais nordestinas e passou também por Brasília, cidade natal dos diretores. No segundo semestre, faz temporada em São Paulo.

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