São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996
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E a Federação inicia mal o torneio...

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, sou do tempo em que havia a expressão "campeão do Torneio Início". Era algo meio ambíguo. Por um lado, uma conquista sem muito valor, diante do verdadeiro campeão do torneio.
Por outro lado, campeão era campeão, mesmo que o torneio fosse apenas o "Torneio Início". De notável, lembro apenas, se não me engano, que os números de escanteios ajudavam a definir o resultado de uma partida. Era assim mesmo?
Uma nostalgia totalmente inoportuna, essa da Federação, de tentar ressuscitar o cadáver do "Torneio Início". Aliás, inicia mal o torneio. Muito mal.
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Para quem gosta de belíssimas imagens de futebol, está pintando na área "Dois Bilhões de Corações", o filme oficial da Copa 94, dirigido pelo Murilo Salles.
Trata-se dos "reflexos do baile", para citar o Antonio Callado, de uma belíssima volta à dança do Mundial dos EUA, uma Copa, que, apesar de tudo, acho que será uma daquelas que ficará.
Por todos os lugares onde estive na Copa, encontrava um grupo brasileiro de filmagem (a equipe toda tinha quase uma centena de pessoas, que rodou 350 horas de imagens do Mundial).
A nossa tradição não vem só da bola, vem também do cuidadoso olho no lance, como sempre mostrou nos cinemas do Brasil o antológico "Canal 100".
Futebol é também um jeito de olhar. Sob esse aspecto, o Murilo Salles vestiu brilhantemente a camisa 10.
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Em todo o mundo, melhora substancialmente a literatura sobre esporte.
Recomendo, das últimas safras, "Ídolos do Jogo: Uma História Esportiva do Século Americano" (Turner, 368 págs., US$ 23,95 lá, nos EUA).
Os autores, Robert Lipsyte, colunista do jornal "The New York Times", e Peter Levine, professor de história na Universidade de Michigan, reescrevem a história americana deste século, o século do espetáculo (do qual são os maiores mestres), a partir da imagem de seus grandes ídolos no esporte.
Entre eles, Babe Ruth, Joe Louis, Muhammad Ali e Billie Jean King. O mais curioso: os autores incluíram entre os heróis americanos do esporte a figura do ator Arnold Schwarzenegger.
"(Muhammad) Ali" -dizem os autores- "era o único lutador ao qual se faziam perguntas iguais às que se fazem a um senador. Arnold Schwarzenegger talvez seja um dia o único senador ao qual se farão perguntas iguais às que se fazem a um ídolo."
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O flamenguista Marcos Augusto Gonçalves circulava com a bela camisa do Barretos Bulls pelo Pelourinho, em Salvador. Foi abordado por vários locais, que queriam a camisa.
Chegaram até a lhe propor uma troca por uma camisa do Vitória.
Também pudera, as cores afro-jamaicanas da camisa do Barretos são as próprias cores dos tambores do Olodum.
Verde, amarelo e vermelho. Cores incomuns para o interior de São Paulo. Acrescidas do branco, geraram o apelido de "tricolor da paz". Bela camisa da minha infância. Mas, quanto ao futebol...
Rebaixado na temporada passada, qual será o futuro do Bulls paulista?

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