São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
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PT contra PT

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A bancada petista não tinha o que fazer. Não existia, como ação política.
Estava paralisada, diante de Fernando Henrique, sobretudo diante de si mesma.
Pois esta semana descobriu o caminho para as manchetes, em Vicentinho.
O sindicalista petista, que cresceu no sindicalismo por sua capacidade de fazer acontecer, fez acontecer mais uma vez e virou o inimigo.
Ontem na Globo, chegou ao desabafo:
- Se alguém quiser discutir todos os pontos, eu concordo. Agora, por favor, a gente tem é que ficar feliz quando alguém consegue aquilo que outros não conseguem.
E a bancada petista, é o que ele buscou dizer, não consegue há tempos.
Mas Vicentinho, se já bateu nos limites do PT com o acordo da Previdência, ontem foi além dos limites -com uma troca de gentilezas e gargalhadas com o presidente Fernando Henrique, como registraram quase todas as emissoras.
Vicentinho, depois Fernando Henrique:
- Os jornais têm me dado um pau tão grande (risos) que eu estou apanhando igual a um cavalo bravo.
- Quase como presidente. (risos)
- Não, o presidente... O que quero dizer é que em momento algum a nossa central feriu qualquer princípio. Eu quero dizer que, se uma central não for capaz de negociar, o que é que estamos fazendo?
É o que já se perguntaram muitos prefeitos petistas e é o que se perguntam, hoje, muitos governadores petistas.
Mas Vicentinho, certamente, passou dos limites.
Aquele chiste do "ciúme de mulher, ciúme de deputado" foi repetido ao exagero, para todas as câmeras.
Alimentou as manchetes do Jornal Nacional.
Ofensivo, Vicentinho queria ter certeza de ser ouvido.
Talvez tenha sido ofendido além do limite, também ele, entre aquelas quatro paredes petistas.
Paratodos
É o que dá, opinar com base na cobertura de TV.
Paulo Maluf incorporou os "elevadores para todos", mas a idéia e a luta são, na verdade, da vereadora Aldaíza Sposati. Petista.

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