São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
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Homicídios crescem 9,9% em SP

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte pessoas em média morreram por dia na Grande São Paulo no ano passado vítimas de homicídios dolosos (quando há intenção de matar). De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, ocorreram ao todo 7.358 casos no ano passado -um crescimento de 9,9% em relação a 94.
A região mais violenta da cidade é a zona sul. Dos dez distritos policiais recordistas de assassinatos, sete estão na zona sul e três na zona leste.
Capão Redondo (extrema zona sul) continua com o título de local mais violento da cidade. Lá são registrados 21 homicídios por mês.
O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, afirma que está preparando um plano especial de combate à violência nas zonas sul e leste da capital.
A iniciativa se chama Pisc (Plano Integrado de Segurança Comunitária) e é uma junção de propostas que a secretaria analisa.
A Folha obteve uma dessas propostas -o Plano Especial para Diminuir a Violência na Zona Sul, elaborado pelo comando da Polícia Militar.
Esse projeto será juntado a uma pesquisa do Nev (Núcleo de Estudos da Violência da USP) sobre as razões da criminalidade na região sul da capital.
O plano da PM prevê o aumento do número de carros policiais entre 14h e 3h, um programa especial de abordagem e revista de suspeitos e a instalação de postos policiais em locais estratégicos.
A PM propõe ainda uma ação integrada com os líderes das comunidades, especialmente nas áreas mais pobres da periferia de São Paulo.
Além do maior grau de violência, a escolha da zona sul para desencadear essa operação especial se deve a uma avaliação da secretaria de que lá os comandos das polícias Civil e Militar são mais receptivos a mudanças no policiamento.
Foi na zona sul que o secretário encontrou menos resistência para implantar o plano de afastamento de policiais que se envolvem em conflitos com morte de civis.
Desde setembro, todo PM que mata um civil é afastado do policiamento por seis meses e passa por tratamento psicológico.
No começo do programa de afastamento, houve resistência de parte do comando da PM, que considerou a medida uma punição aos policiais.
A Secretaria da Segurança Pública já fez uma operação experimental na zona sul nos meses de setembro, outubro e novembro do ano passado. Essa experiência também norteará a elaboração do Pisc.
Segundo os dados da secretaria, a operação reduziu de 17 para 10,3 o número de homicídios dolosos por dia na região.
Na época, 1.500 policiais militares se juntaram aos 2.800 que fazem normalmente o patrulhamento das ruas. Após o final da operação, o número de homicídios voltou a subir.
O Pisc vai começar depois do Carnaval na zona sul. Após um período, será estendido à zona leste. Em 1996, as zonas norte e oeste ficarão fora do plano.
Roubo e furto
No ano passado, diminuiu 15% o número de furtos na capital em relação a 1994. Em 1995, aconteceram 114.876 furtos, enquanto em 1994 esse número foi de 135.182. O furto é um crime contra o patrimônio no qual não há violência contra a vítima.
O furto e roubo de veículos também caiu (12.9%). Os criminosos levaram 90.215 veículos no ano passado e 103.547 no ano anterior.

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