São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
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Ruídos na lógica eleitoral

Na entrevista de quarta-feira, indagado sobre os problemas que os aliados trouxeram ao governo em 95 e as dificuldades que terá no Congresso para aprovar medidas consideradas impopulares em um ano eleitoral, o presidente respondeu que PSDB, PFL, PTB, PPB e PMDB deveriam "defender com energia o que o governo está fazendo, porque isso dá voto".
Curiosamente, no mesmo dia, o governo viu derrotada na Câmara sua proposta de instituir a contribuição previdenciária de aposentados do serviço público. Colaboraram para o revés nada menos que 202 votos de partidos governistas, 30 deles do próprio PSDB.
Claro que os partidos aliados não estão sempre obrigados a fechar questão em torno de uma proposta. No limite, um alinhamento automático e incondicional às propostas de um governo anularia a própria razão de ser do pluripartidarismo. Bastariam dois partidos.
Porém a aprovação da medida, a despeito de sua impopularidade, seria fundamental para eliminar distorções no orçamento da Previdência, dada a necessidade de obtenção de uma justa contrapartida por parte dos servidores, que, aliás, contribuem por menos tempo e cujas aposentadorias superam os seus salários quando na ativa.
Tudo indica que a base governista ainda não se convenceu de que as propostas do governo "dão voto". Era imprevisível uma derrota pelo pesado placar de 306 contra 124 votos. Cumpre, pois, inquirir em torno de quais compromissos se sustenta afinal essa ampla aliança partidária. O equilíbrio orçamentário parecia, até agora, ser um deles.

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