São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 1996
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Erro; Preocupação; Conchavo; Primarismo; Injustiça; Elogios vazios; Insensibilidade; Hombridade; Política baiana

Erro
"Foi um erro. Fui mal-assessorado..., mas não se preocupem, nós vamos articular a derrubada do veto', disse o presidente Fernando Henrique Cardoso não apenas a mim, mas a todas nós deputadas quando inquirido sobre o veto à esterilização na audiência da Frente Parlamentar da Criança."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

Preocupação
"Os farmacêuticos passam seu dia, 20 de janeiro, com bastante preocupação. Há anos os conselhos e sindicatos da categoria lutam para que se cumpra a legislação que obriga todas as farmácias e drogarias a ter farmacêutico orientando os consumidores. No entanto, há um projeto de lei na Câmara que desobriga as drogarias de ter o profissional à disposição do público. De acordo com a proposta, o farmacêutico poderá ser substituído pelo balconista. As entidades consideram o projeto um recuo porque priva o paciente de obter com o farmacêutico as informações necessárias sobre as dosagens do remédio, horários de administração, conservação, reações adversas e efeitos colaterais. As estatísticas indicam que remédio também mata. Basta que seja utilizado de maneira incorreta."
Gilda Almeida de Souza, presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos (São Paulo, SP)

Conchavo
"O governo e as cúpulas sindicais decretaram o fim da ciência e tecnologia no Brasil. Em conchavo a portas fechadas, cancelaram especificamente a aposentadoria integral para os professores de 3º grau. No Brasil, a ciência e a tecnologia são feitas fundamentalmente pelos professores de 3º grau. Dos srs. Stephanes e Medeiros não esperava outra coisa, aliados que são desde os tempos de Collor. Já do Vicentinho e do Meneghelli esperava coisa melhor, tendo em conta a fragorosa campanha que o PT fez nestes últimos 15 anos cavando apoio entre os professores universitários. Gostaria de lembrar a esses senhores que os professores universitários, no Brasil, não só damos aulas. Fazemos ciência. País sem ciência não terá nunca tecnologia, e país sem tecnologia, hoje, está condenado à morte. Espero que o Congresso saiba disso."
Iván Izquierdo, professor titular de bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, RS)

Primarismo
"Impossível deixar de protestar contra o primarismo do texto 'Obras de Joan Miró surpreendem nos detalhes' (13/1), na qual um sr. Aguinaldo José Gonçalves, professor de teoria semiótica da Unesp, 'analisa', a convite da Folha, dez trabalhos do grande pintor espanhol. A coisa é de um ridículo atroz. Por outro lado, poucos textos temos lido, nos últimos tempos, tão inteligentes, tão sensíveis e poéticos quanto o assinado por Augusto Massi na mesma edição, sob o título 'Miró dialoga com mestres do século 20'."
José Roberto Teixeira Leite, presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte -ABCA (São Paulo, SP)

Injustiça
"A Folha, em editorial publicado em 3/1, foi injusta com os fundos de pensão, particularmente com a Previ, citada textualmente. A opção dos fundos por priorizar a assunção do controle acionário de empresas não é fruto de capricho, muito menos trata-se de decisão impensada. Essa nova postura é fruto da nossa experiência como investidores e da constatação de que a nossa Lei das Sociedades Anônimas é, no mínimo, injusta com os acionistas minoritários. A atual legislação permite que os controladores tenham poderes quase absolutos. E se dão ao luxo de não dar satisfação para os acionistas minoritários nem para os portadores de ações preferenciais. Os fundos de pensão têm compromissos com seus associados e não podem ser apenas fornecedores de 'dinheiro barato' para alguns empresários. O que deve ser alvo da atenção do editorialista da Folha é a lei das S/A, a qual necessita de total reformulação. Não há porque obrigar os fundos de pensão a só comprar ações nas Bolsas de Valores. Por que não comprar diretamente das empresas? O que não podemos é defender a causa de maus empresários, que não querem prestar contas a seus acionistas minoritários e que tentam usar sem maior responsabilidade a poupança dos trabalhadores administrada pelos fundos de pensão."
José Valdir Ribeiro dos Reis, presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil -Previ (Rio de Janeiro, RJ)

Elogios vazios
"Em relação ao artigo do sr. Rennó (16/1), gostaria de esclarecer que os elogios à capacidade profissional dos empregados da Petrobrás e à fidelidade à companhia soam falsos quando sabemos que esse senhor jogou no lixo acordo, por ele assinado, com os trabalhadores, obrigando a categoria a realizar a greve de maio de 95."
Geraldo Paulino Filho, diretor do Sindipetro-SP (São Paulo, SP)

Insensibilidade
"Insensível e irresponsável a decisão da direção da maior universidade do Brasil de proibir a permanência de crianças juntos com suas mães -e estudantes- no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp). Querer separar mães e filhos alegando 'local impróprio' demonstra uma enorme preguiça de pensar soluções e também um preconceito latente em relação às mulheres."
Marcio Alexandre Barbosa Lima, presidente do DCE-Livre da USP (São Paulo, SP)

Hombridade
"Quero parabenizar a hombridade do brigadeiro Ivan Frota ao recusar-se a retirar as palavras de acusação contra os senadores. Mesmo sob ameaças de agressão física na saída do Senado o brigadeiro reafirmou sua opinião. Essa é a verdadeira atitude de um homem de palavra, que prefere morrer de pé a viver de joelhos."
Sérgio Ferreira (São José do Rio Preto, SP)

Política baiana
"Ao abordar o resultado das pesquisas para prefeitos das capitais, este jornal errou ao afirmar que Salvador é reduto político do PFL e do senador ACM. Sempre os adversários do PFL e de ACM vencem em Salvador, embora percam no interior do Estado, aí sim reduto do senador. Essa situação começou a mudar a partir de 1994, quando ocorreu a última grande vitória do grupo político do senador ACM, que venceu as eleições na capital elegendo seu sucessor e os dois senadores (um deles ele próprio). Esses resultados foram consequência da boa administração do último governo ACM. Como seu sucessor, Paulo Souto, também faz um bom governo, não será surpresa a vitória do candidato do seu grupo político nas próximas eleições."
Roberto Gueude Ville Penna (Salvador, BA)

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