São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 1996 |
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CLAUDIA SCHIFFER NÃO EXISTE
CONTARDO CALLIGARIS; ELIANA CALLIGARIS
O show, organizado pela "body builder" Laura Fierstein, pretendeu exaltar a força da mulher e promover os corpos musculosos como uma das expressões possíveis do feminino. Os proventos foram para as mulheres vítimas de violência doméstica. Elas reivindicavam que sua diferença fosse socialmente aceita. Mas não foi só isto: também dançaram balé, desfilaram lingerie e roupas de gala. No meio da performance, uma poderosa Joana d'Arc entregou sua espada a uma etérea Barbie de cetim cor-de-rosa, que, em troca, a presenteou com seus brincos de strass e seu visom branco. Por que as mulheres musculosas precisariam de uma coisa dessas? Certo, sabe-se há tempos que a feminilidade é regulada por um cânone opressivo. De tanto denunciá-lo, passamos a acreditar nele e em sua eficácia. As musculosas padeceriam disso tanto quanto as gordas, as baixas, todas as "diferentes". Mas diferentes do quê? Da Barbie? Em dezembro, também em Nova York, foi inaugurada a exposição "Arte, Design e Barbie - a Evolução de um Ícone Cultural". A exposição, que permanece até fim de fevereiro, é a mais completa já feita sobre essa boneca criada em 1959, frequentemente acusada de nocivo e alienante estereótipo proposto às mulheres. Dois livros vieram se somar à já grande bibliografia sobre a boneca: "Barbie's Queer Acessories", de Erica Rand, e "Forever Barbie", de M.G. Lord. CONTARDO CALLIGARIS é psicanalista, autor de "Hello Brasil"; ELIANA CALLIGARIS é psicanalista, autora de vários textos sobre feminilidade; e-mail: ccalligari@aol.com Texto Anterior: A lógica oculta da desrazão Próximo Texto: CLAUDIA SCHIFFER NÃO EXISTE Índice |
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