São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Presidente aprova nudez de mulheres no palco

AZIZ FILHO
SILVANA DE FREITAS

AZIZ FILHO; SILVANA DE FREITAS
ENVIADOS ESPECIAIS A PETRÓPOLIS

Uma performance com oito mulheres nuas integrou o espetáculo a que o presidente Fernando Henrique Cardoso e a primeira-dama, Ruth Cardoso, assistiram na noite de sábado, no hotel Quitandinha, em Petrópolis.
Ao deixar o local, FHC disse que não ficou constrangido com a nudez no palco. "Pelo contrário, é uma encenação bonita, sugestiva e que está muito ligada à música de 'Carmina Burana"', disse o presidente referindo-se à cantata do compositor Carl Orff (1885-1981). "Foi um jogo cênico muito bonito", complementou.
A cantata "Carmina Burana" é baseada num conjunto de poemas latinos do século 13, de autoria de intelectuais errantes da Idade Média, que inclui comentários profanos sobre a vida, o amor e a bebida. As obras foram encontradas na abadia de Benediktbeuren, na Baviera, Alemanha.
O presidente não se furtou a fazer uma análise sociológica do evento: "O espetáculo mostra a maleabilidade da cultura brasileira, que permite que a gente se incorpore com tanta facilidade a músicas que não são nossas, mas que se integram aqui com naturalidade espantosa", disse FHC.
A nudez foi comentada no jantar que Fernando Henrique ofereceu a Roberto Marinho, diretor-presidente da Rede Globo, na casa da família Nabuco, onde o presidente se hospedou, no centro de Petrópolis.
A apresentação de "Carmina Burana" foi a terceira e última parte do espetáculo "Um Concerto na Cidade Imperial", do Projeto Aquarius, promovido pelo jornal "O Globo" e pela Sul América Seguros, com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
Na tribuna de honra, entre outros, estavam Alencar (PSDB), Marinho e o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Gama Malcher, acompanhados por suas respectivas mulheres, além de alguns padres da cidade.
Também assistiram à apresentação o presidente do PSDB, senador Artur da Távola (RJ), o carnavalesco Joãosinho Trinta e o bisneto do imperador d. Pedro 2º, d. Pedro Gastão de Orleans e Bragança.
A primeira parte do espetáculo foi constituída de músicas dos compositores brasileiros Carlos Gomes e Villa-Lobos. A segunda, com seis músicas dos Beatles tocadas pela orquestra, foi dedicada pelo locutor "ao presidente e à dona Ruth, para matarem as saudades dos anos 60".

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