São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Polêmica atrasa disco de Paulinho da Viola

DA SUCURSAL DO RIO

Paulinho da Viola afirmou que a crise gerada pelos cachês do réveillon está atrasando seu processo de produção para o novo disco, previsto para ser lançado em maio.
"Estava pensando em começar a trabalhar no disco agora entre janeiro e fevereiro. Quero retomar meu trabalho assim que as coisas se acalmarem", disse Paulinho, que não grava desde 1989.
A crise dos cachês despertou um debate entre artistas e empresários sobre quanto vale o show de um cantor de prestígio cultural, mas de pouca vendagem de discos, como Paulinho da Viola.
Paulinho recebeu R$ 35 mil, enquanto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gal Costa e Milton Nascimento receberam R$ 121 mil, no show do réveillon na praia de Copacabana (zona sul).
"Disco é item da indústria cultural. Meu cachê mudou muito com o tempo. Veja os Mamonas Assassinas. Há um ano, eles tocavam de graça. Hoje eles ganham muito mais do que eu", afirma Gil, que tem cachê estimado em R$ 50 mil, mas que pode variar até mais de 100%, em ocasiões especiais, como festas ou réveillon.
Depois do show, Lila Farias, mulher e empresária de Paulinho, reclamou que ele havia sido enganado pelos organizadores do espetáculo.
Na última semana, um fax, enviado pela produtora do show e adulterado por Lila, causou um grande mal-estar entre os artistas. Para Gil, a ascendência de Lila é prejudicial para a carreira de Paulinho.
"É por essas e outras que eu faço questão de cuidar pessoalmente de cada detalhe da minha carreira. Quem decide qualquer coisa a respeito de minha carreira sou eu e mais ninguém", disse Gil, referindo-se ao caso.
Lila adulterou o fax para poder provar à mulher de Gil, Flora, que a produtora do show havia prometido um cachê de R$ 35 mil para todos. Lila colocou a palavra "todos" sobre o local onde a produtora havia escrito "vocês" ao se referir ao valor do cachê que seria pago à equipe de Paulinho.
Paulinho se recusa a fazer comentários sobre o modo como sua mulher e empresária conduz sua carreira, mas afirma que não dá o caso por encerrado. Diz estar juntando documentos que possam esclarecer definitivamente a questão.
"Ainda não é hora de falar. Estou recortando tudo o que está saindo sobre isso nos jornais. Estou tomando conhecimento de tudo que se está falando. Na hora certa, eu vou falar", promete.
Gil conta que há 20 anos decidiu ser seu próprio empresário e ressuscitou o "orador da turma de 1964 da faculdade de administração de empresas, Gilberto Passos Gil Moreira".
Ao contrário de Paulinho, Gil não delega poderes a ninguém.
"Eu decido tudo, até minha política de preços. O pessoal que trabalha comigo às vezes fica chateado com isso. Sou eu que faço meu cachê. Pergunto tudo, se o show tem patrocínio, qual é o local, se tem bilheteria aberta ou é fechado. Aí dou o meu preço".

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