São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 1996
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Nem sonho, nem pesadelo

O déficit comercial de US$ 3,157 bilhões em 1995, ao qual somam-se obrigações financeiras para com o exterior da ordem de US$ 15 bilhões, não é tão preocupante quanto o número poderia sugerir. Mas certamente coloca indagações sobre as perspectivas de crescimento da economia a longo prazo.
O que diminui a gravidade do desequilíbrio do ano passado é que o resultado negativo deve-se aos balanços do primeiro semestre. Na segunda metade do ano a balança comercial foi superavitária em US$ 185 milhões por mês em média. Assim, no momento, o temor pela rápida deterioração das contas externas está afastado. Mas a situação foi apenas remediada.
A média recente de superávits deve-se mais à contenção do crescimento vertiginoso das importações que ao dinamismo do setor exportador. O valor das vendas do Brasil para o exterior cresceu, apesar dos incentivos financeiros, apenas 6,8% no ano passado. E, ainda assim, devido à alta de preços internacionais. O quantum exportado caiu 2,8% em 95, segundo a Cepal.
A falta de vigor das exportações e, portanto, a perspectiva de que os resultados da balança comercial continuarão a depender de um desempenho contido do lado das importações limitam o crescimento geral da economia, pois, normalmente, quando o investimento e o consumo crescem, as importações acompanham esse movimento.
Foi com a dura freada iniciada em março de 95 que o governo logrou reverter os déficits a partir de julho. Sem que as exportações ganhem novo alento, o país segue preso a esse equilíbrio precário.
O setor externo não está disparando sinais de alarme. Mas tampouco inspira satisfação. É um problema a resolver.

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