São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Governo vai insistir em negociação paralela

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), acredita que o acordo com as centrais sindicais abriu caminho para a criação de uma espécie de fórum permanente de discussão sobre as reformas, que funcionará paralelamente ao Congresso. "Agora ficou mais fácil", diz. É também a aposta de outra importante liderança do governo.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo seus líderes, acredita que o acordo com as centrais sindicais abre uma nova frente de entendimento para a aprovação de outras reformas constitucionais, como a administrativa e a tributária.
Santos afirma que FHC está muito impressionado com a habilidade do presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, tanto na fase de discussão do acordo como na etapa seguinte.
Na solenidade de quinta-feira passada, após ouvir Vicentinho atacar os privilégios que alguns setores, como deputados e juízes, têm na Previdência, FHC conversou com seu líder na Câmara e fez elogios ao sindicalista.
"Vicentinho deu uma aula de política e de sabedoria", comentou Santos com o presidente. FHC concordou e acrescentou outros elogios à inteligência e clareza com as quais, segundo ele, o presidente da CUT tem se comportado no episódio da Previdência.
Na avaliação de Santos, as três centrais sindicais foram importantes na elaboração do acordo da Previdência. Mas a participação de Vicentinho, segundo ele, dá legitimidade e quebra as resistências à aprovação da reforma.
Para Santos, o acordo com as centrais sindicais criou "um fato novo" no país. "É a democracia funcionando", diz. Diz que o acordo vai gerar uma "influência positiva" em todo o processo de reforma e que o próprio Vicentinho sinaliza essa direção.
Apesar da reação do PT ao acordo com a CUT, o governo acredita que a vitória na votação da emenda da Previdência está garantida. A previsão é que ela passará com mais de 320 votos na Câmara. São necessários 308 para aprovar a proposta de emenda em cada uma das duas votações na Casa.
A previsão é que a votação da Previdência deve ir a plenário na primeira semana de fevereiro. Os líderes acham que as defecções na base de apoio do governo devem chegar a 80 deputados.
A base de apoio do governo é formada por cerca de 400 dos 513 deputados da Câmara. Líderes dos partidos governistas acreditam que as maiores defecções ocorram no PMDB e no PPB. PFL e PSDB devem votar em peso na proposta.
No Senado, a vantagem oficial é muito mais confortável. De acordo com essas previsões, o governo deverá repetir as vitórias que obteve com a quebra do monopólio do petróleo e das telecomunicações.

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