São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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Polícia prende 4 líderes dos sem-terra

JOSÉ MASCHIO; LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Diolinda Alves de Souza, Laércio Barbosa, Claudemir Marques Cano e Felinto Procópio (o Mineirinho), líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo), foram presos ontem acusados por crime de formação de quadrilha.
As prisões preventivas foram determinadas pelo juiz substituto de Pirapozinho (600 km a oeste de São Paulo), Fernando Marcondes.
O delegado de Sandovalina (640 km a oeste), Marco Antônio Fogolin, foi quem pediu à Justiça a prisão dos líderes do MST.
Duas fazendas foram invadidas por sem-terra desde o último dia 20 na região. A fazenda Santa Rita permanece ocupada. A São Domingos teve mandado de reintegração de posse cumprido anteontem. Os sem-terra não resistiram à determinação judicial.
É a segunda vez que as lideranças do MST do Pontal têm suas prisões preventivas decretadas por formação de quadrilha.
Em 30 de outubro do ano passado, foram detidos Diolinda e Barreto. Na ocasião, José Rainha Jr., principal liderança dos sem-terra na região, e Barbosa também foram alvo da decisão judicial, mas fugiram da polícia.
Agora, além dos quatro detidos, Rainha, que participava ontem de um Encontro Nacional do MST em Salvador (BA), e Márcio Barreto tiveram a prisão decretada.
O primeiro sem-terra a ser preso foi Laércio Barbosa. Ele foi detido às 13h30 de ontem na fazenda São Bento, que funciona como uma base da direção do MST, em Mirante do Paranapanema.
Diolinda foi presa às 14h45 de ontem, em sua casa em Teodoro Sampaio, quando limpava a cozinha depois do almoço.
A líder sem-terra não foi algemada, ao contrário do que ocorreu quando foi presa em outubro.
Claudemir Marques Cano foi preso às 16h, depois de sair de um encontro com lideranças municipais em Teodoro Sampaio.
Considerado pela polícia de Sandovalina como o principal organizador do MST na região, Cano escapou da prisão em outubro do ano passado ao ser confundido com Márcio Barreto pelo delegado Marco Antônio Fogolin.
Procópio, da direção estadual do MST, foi preso no final da tarde em Teodoro Sampaio (SP).
Diolinda, Cano e Barbosa foram levados para a delegacia regional de Presidente Prudente. Cerca de 70 policiais militares foram destacados para dar proteção ao local.
Laércio Barbosa e Claudemir Cano foram recolhidos, ao final da tarde, ao presídio municipal de Presidente Prudente. Diolinda foi levada ao presídio feminino de Alvares Machado, a 10 km de Presidente Prudente.
Carlos Rainha, irmão de José Rainha Jr., disse que a direção estadual do MST estava providenciando "advogados para socorrer os companheiros presos". Ele criticou o governador de São Paulo, Mário Covas, "que coloca a polícia para proteger os fazendeiros e não faz a reforma que prometeu, para matar a fome do povo".

Colaborou LUIZ MALAVOLTA, da Agência Folha, em Bauru

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