São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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"Candelabro" procura o amor justo

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um país visto pelas lentes de Hollywood quase sempre apresenta como resultado uma aberração.
Um pouco como a ligação entre bananas e o Brasil, a Itália sempre foi- para imaginário americano- o cenário do puro romantismo. Um exemplo quase clássico desse olhar é "O Candelabro Italiano" (Globo, 3h), exibido hoje.
Mas qual o tipo de paixão trabalhada pelo diretor Delmer Davest?
Em "O Candelabro", uma jovem americana parte para a Europa em direção à Itália.
E termina por conhecer, além da cidade de Roma e Florença, dois homens que farão seu coração balançar entre a castidade e a entrega.
Realizado no início da década de 60, o filme guarda um ranço de um mundo pré-liberação sexual, onde o sexo era tratado sempre de forma oblíqua, dissimulada.
Estamos então no reino do afeto ideal, que atravessa as mais terríveis dificuldades para encontrar, em seu final, a felicidade.
Mas "Candelabro" acaba servindo também a outro propósito.
Faz da Itália um imenso cartão postal, alimentando os espectadores com clichês sobre o lugar. Ou sobre o que as pessoas deveriam pensar sobre a Itália.
Se existe um envelhecimento do filme é exatamente nesse desejo de transformar um país apenas em um cenário. Seu romantismo inocente, ao contrário, é o que resiste.
Há em seus personagens uma crença delirante na honestidade das relações e nos sentimentos que os regem.
E é esse desejo que os preserva. O que hoje entendemos como um "romance açucarado" de forma alguma se difere das mesmas ambições sentimentais esperadas hoje. A grande disparidade é que seus personagens aguardam sem cinismo.

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