São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Universal processa Dias Gomes por danos morais em minissérie

DA SUCURSAL DO RIO

O dramaturgo Dias Gomes, 73, está sendo processado pela Igreja Universal do Reino de Deus. A igreja acusa o autor da minissérie televisiva "Decadência", exibida pela Rede Globo em 95, de lhe causar danos morais e materiais.
Dias Gomes disse que recebeu uma intimação enviada por José Pereira Leal Júnior e Maria Almeida Silveira Gontijo, que se identificam como advogados da igreja.
Os dois advogados foram procurados em seu escritório em São Paulo e não foram encontrados.
Na minissérie, o pastor Mariel, vivido pelo ator Édson Celulari, é acusado de charlatanismo, curandeirismo, desvio de dinheiro. Acaba sendo preso como mandante do assassinato do pastor Josias (Milton Gonçalves).
"Na intimação, os advogados dizem que a opinião pública identificou Mariel e Macedo e que a Universal está tendo dificuldades com os fiéis. Acham que a minissérie prejudicou a imagem da Universal", afirmou Dias Gomes.
Segundo ele, um personagem nunca é inspirado em uma pessoa, mas costuma ter traços de muita gente, inclusive do próprio autor. Afirmou que pesquisou sobre igrejas evangélicas no Brasil e no exterior para criar Mariel.
"Se Mariel e Macedo têm semelhanças, é porque ambos são pastores evangélicos, e todas as seitas são muito parecidas. Médicos costumam achar semelhanças entre eles e um personagem médico", disse.
Trechos inteiros da fala de Mariel no livro que deu origem à minissérie -também de autoria de Dias Gomes- são idênticos a declarações dadas por Edir Macedo à revista "Veja", como mostrou reportagem publicada pela Folha.
Dias Gomes disse ter achado "engraçado" que Macedo tenha se identificado justamente com Mariel e não com o outro pastor, Josias. "Josias era um pastor honesto e íntegro. O bispo Macedo vestiu a carapuça", afirmou.
Dias Gomes disse que será defendido pelos advogados da Globo e que tem 15 dias para responder à intimação.

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