São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Assuntos internos

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Assuntos internos, ontem e neste que promete ser um ano de desemprego, é sinônimo, precisamente, de política de empregos e salários.
E não havia boa notícia, da parte do presidente.
Primeiro, ele "disse que está preocupado com impacto nas contas públicas de um reajuste salarial do funcionalismo". Quer dizer, esquece.
Segundo, "deu claros sinais de que não vai estar disposto a reajustar o salário mínimo em maio, como tradicionalmente". Quer dizer, esquece.
Terceiro, na Globo, "disse que o desemprego não muda a política de importações". Nem a política de importações, nem coisa alguma, de fato.
Como disse um integrante da equipe econômica na CBN, o desemprego ainda não requer medidas "emergenciais".
Requer medidas, por assim dizer, cotidianas, já tomadas, como na acanhada relação do presidente, na Globo:
- Temos que criar atividade econômica que gere emprego. Por exemplo, obras públicas. Por exemplo, micro-empresa, pequena empresa.
Em detalhe, na Manchete:
- No que diz respeito às obras públicas, tomamos uma série de medidas para recuperar o ímpeto da construção de obras em hidreléticas.
- E no que diz respeito à pequena empresa, acho que na reforma tributária temos que estar muito atentos a ela.
- Ao lado disso, podemos tomar medidas, como estamos tomando esta de treinamento, que ajudam pois haverá perda nuns setores e ganho noutros com a transformação mundial da economia. Nós temos que preparar a mão-de-obra e os trabalhadores para que passem de um setor a outro.
Treinamento... Promessa de atenção à pequena empresa na esquecida reforma tributária... Para não falar agora no tal "ímpeto" das obras públicas -em ano eleitoral.
Um ano eleitoral -e depois, num segundo lugar distante, um ano de desemprego.

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