São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Botafogo estréia com 'lei' do silêncio sobre 'caso da fita'

RICARDO PERRONE
DA FOLHA NORDESTE

O Botafogo de Ribeirão Preto adotou a "lei" do silêncio para evitar que o caso da "fita do suborno" afete o desempenho de seus jogadores no Campeonato Paulista de Futebol da Série A-1.
A equipe abre hoje a competição contra o Corinthians, mas ainda corre o risco de ser afastada da disputa pela FPF (Federação Paulista de Futebol).
O presidente da entidade, Eduardo José Farah, promete eliminar o clube caso a Justiça comprove que o time de Ribeirão chegou à série A-1 com a ajuda de um esquema de arbitragem.
Na fita, o ex-juiz de futebol Wilson Roberto Cattani afirma ter coordenado um esquema de fraude, a mando do presidente do clube, Laerte Alves.
Quando a fita veio a público, Cattani disse que inventou a toda a história, porque sabia que estava sendo gravado.
Alves também nega a existência desse suposto esquema.
O treinador Afrânio Riul, do Botafogo, se recusa a falar sobre o assunto. "Isso é com a diretoria", disse à Folha.
Segundo Riul, as punições que o clube pode sofrer não fazem parte das conversas entre a comissão técnica e os jogadores.
"A gente nunca falou sobre esse assunto", afirmou.
Mas os reflexos do "caso da fita" parecem já ter afetado os planos da diretoria.
Os dirigentes têm encontrado dificuldade para conseguir um patrocinador para o time para a disputa do campeonato.
Segundo Laerte Alves, presidente do Botafogo, a fábrica de bebidas Antarctica não tem interesse em renovar o seu contrato, que vai terminar no dia 10 de fevereiro próximo.
A empresa negou a informação do dirigente e disse que só vai definir a sua posição ao final do compromisso.
Alves negou que a "fita do suborno" esteja dificultando as negociações em busca de patrocínio. "Esse caso não está influenciando em nada", afirmou o dirigente.
O clube acumulou uma dívida de aproximadamente US$ 3 milhões no ano passado, quando disputou a Série A-2 do Paulista.
Para reduzir os gastos, os dirigentes aboliram o pagamento de "luvas", dinheiro normalmente dado aos jogadores quando estes assinam contrato.

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