São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Samper é acusado de encontrar traficante

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Colômbia, Ernesto Samper Pizano, encontrou-se no Equador com um representante do cartel de Cali (drogas) no dia 4 de setembro de 1995, quando já era presidente, segundo o ex-tesoureiro de sua campanha, Santiago Medina.
Medina afirmou à rede de TV paga CNN que Samper não apenas sabia das contribuições a sua campanha em 1994, como as coordenou. O ex-tesoureiro está preso há seis meses acusado de ter aceitado dinheiro do cartel para a campanha de Samper à Presidência.
"Uma pessoa enviada pelo cartel de Cali teve um encontro com o presidente do dia 4 de setembro entre as 7h35 e as 8h", disse. Ele não revelou o motivo do suposto encontro, mas afirmou ter provas de que ele existiu.
O encontro teria ocorrido em Quito (capital), durante encontro de países latino-americanos.
Ontem, o advogado de Samper se refugiou num quartel do Exército depois de receber ameaças.
José Antonio Cancino já sofreu atentado em setembro. Cancino e seu motorista ficaram feridos, mas dois guardas-costas morreram.
Cancino está em um quartel de Bogotá com sua mulher, seus filhos e seus netos, esperando uma oportunidade de sair do país.
As acusações contra Samper são tão fortes que ele anunciou que pretende convocar um plebiscito para decidir a sua renúncia.
Pesquisa divulgada ontem pelo jornal "El Espectador" mostra um empate técnico: 35% pró-renúncia e 34% contra.
Ontem, ele deu a entender que a medida se estenderia também ao vice-presidente Humberto de la Calle, que ocupa atualmente o cargo de embaixador em Madri.
Para Samper, presidente e vice foram eleitos juntos, e portanto teriam cometido os mesmos delitos de campanha. A tese de que o vice deve assumir em caso de renúncia é a mais corrente entre os adversários de Samper.
O escritor Gabriel García Márquez, um dos colombianos mais conhecidos, disse que a resistência de Ernesto Samper em renunciar pode levar o país a uma guerra.
García Márquez disse ironicamente que o presidente colombiano não deveria se preocupar com a questão, porque sua renúncia é apenas questão de tempo.
As primeiras denúncias contra Samper surgiram no ano passado, feitas por seu ex-tesoureiro.

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