São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Motta e Maluf trocam insinuações de corrupção

LUIS HENRIQUE AMARAL; XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf (PPB) e o ministro Sérgio Motta (Comunicações) insinuaram ontem em suas declarações que um e outro estariam envolvidos em supostas negociatas com dinheiro público.
Durante todo o dia, o prefeito tratou o tucano como "Sérgio Pinto Ramos Motta".
Perguntado sobre o motivo desse tratamento, o pepebista foi irônico: "Parece que é o nome dele. Disseram que era".
Maluf estava insinuando uma ligação entre o ministro e José Amaro Pinto Ramos, lobista que teve o seu nome envolvido como suposto intermediário do contrato do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia, projeto militar orçado em US$ 1,4 bilhão) -assinado entre o governo federal e a empresa Raytheon, dos EUA.
"Que o doutor Sérgio Motta tem o nome inteiro Sérgio Pinto Ramos Motta, isso ele tem. E todo mundo sabe, no Brasil e nos EUA, que esse é o nome dele."
Maluf disse que não conhece Ramos, mas aproveitou para criticar o papel do governo em relação ao Sivam. "Uma coisa não foi explicada. Por que dar o contrato para a firma americana Raytheon, se estava mais caro que a firma francesa Thomson?", perguntou.
Sintonizado com o seu padrinho político, o candidato do PPB, Celso Pitta, pediu a demissão de Motta. "O Brasil sairia ganhando com a saída desse cidadão do governo."
Ao saber dos ataques, o ministro rebateu: "Ele é que faz negócios com o Maluf e todo mundo sabe disso no mercado".
Quem é Ramos
Dono da empresa Epcint, Ramos viu o seu nome aparecer em público há um ano, quando foi envolvido no episódio Sivam.
O assunto surgiu após uma reportagem da revista "U.S News & World Report" (EUA). O texto mostrava as ligações entre Ramos e Ron Brown, secretário americano de Comércio morto em acidente aéreo neste ano.
Na ocasião, o lobista negou qualquer participação no contrato do Sivam. Contou ainda que ajudou a promover um jantar, em 1993, para o então ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, em Washington.
(LUIS HENRIQUE AMARAL e XICO SÁ)

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