São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Aconteciam debates

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fim da tarde, meio da cobertura, que foi outra vez a mais ampla, como visto em eleições passadas, surgiu o âncora Sérgio Rondino de ar carregado, na Bandeirantes:
- A Rede Bandeirantes de Televisão está saindo do ar no Estado de São Paulo por decisão do Tribunal Regional Eleitoral. Continuamos com a programação normal em rede para todo o Brasil.
Segundos depois a Record entrou com a assessora de imprensa do TRE, de ar, não carregado, mas raivoso:
- Eles realizaram um programa onde aconteciam debates... As pessoas manifestavam preferência... Foram feitas duas advertências... O tribunal decidiu suspender a emissora por 24 horas.
O episódio foi o auge de uma campanha eleitoral que, na televisão, foi libertina para a propaganda e repressiva para o jornalismo.
Por mais de dois meses o governo estadual fez campanha eleitoral, a prefeitura fez campanha, a Record fez, primeiro para um, depois para outro candidato, a Manchete fez, sempre para o mesmo.
A cobertura, propriamente, é que foi suprimida.
Foi o que se refletiu na baixa presença dos candidatos, dos temas, da eleição toda em telejornais de emissoras como a Bandeirantes e o SBT, pelos mais de dois meses.
Ontem outra vez.
Mas não, ao menos, pelas 24h. A Bandeirantes voltou três horas depois.
*
Foi dar os resultados de boca de urna e a Record abriu nova fase, sem Sérgio Motta.
Paulo Maluf foi entrevistado longamente por três vezes, todas ao vivo, em menos de duas horas. (Depois foi mais, sempre ao vivo.) Celso Pitta, outras duas, sem contar as declarações gravadas.
O malufismo usou as entrevistas para deixar mensagens na memória pública. Coisas como "é a maior diferença na história de São Paulo", ou "Pitta é como bolo: quanto mais bate, melhor".
Não há o menor risco de que a Record saia do ar.

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