São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Candidato reserva para ACM o papel de criador

MARTA SALOMON
DA ENVIADA A SALVADOR

A biografia do provável futuro prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy, reserva ao senador Antonio Carlos Magalhães muito mais do que o papel de "padrinho político" ou principal cabo eleitoral.
Considerado hoje uma pessoa de confiança do grupo político que o senador comanda, Imbassahy reserva a ACM o papel de criador.
Sua missão imediata à frente da terceira maior cidade do país é promover uma faxina em Salvador, tocar obras e consolidar a hegemonia carlista na Bahia.
Automaticamente, ele assumirá a prefeitura engajado no projeto de reeleição do presidente FHC.
Herdeiro político de ACM? Nenhum dos carlistas aposta nisso, nem o próprio Imbassahy. "É até perigoso falar nesse assunto, dá idéia de que o senador está se afastando", esquiva-se.
Há 19 anos, ACM era presidente da Eletrobrás e convidou Imbassahy para assumir uma diretoria nas Centrais Elétricas de Manaus. O próprio Imbassahy ocuparia a presidência da estatal na cota de indicações atribuída ao senador no início do governo FHC.
"Foi uma coincidência", classifica Imbassahy. Ele diz que, por trás de gênios aparentemente diferentes -é mais "sereno" do que ACM-, os dois têm em comum a mesma "determinação".
Fatura
Nos últimos meses, a "determinação" dos dois tem sido a mesma ao insistir que o governo federal terá de ajudar financeiramente Salvador. Imbassahy chegou a prometer, na propaganda política, a seguinte credencial: "Competência para conseguir recursos".
Na tarefa, Imbassahy conta previamente com o apoio de ACM, que prometeu até brigar com FHC por verbas federais para a prefeitura, no mesmo estilo em que atuou no episódio da intervenção do Banco Econômico, em 1995.
A dupla cobiça empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ou um aval da União para financiamentos externos capazes de levar adiante os planos de abrir novas avenidas e fazer circular o chamado "bondinho voador", ou VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), nas ruas da cidade.
O eventual futuro prefeito ainda não fechou o orçamento da obra, cujo custo é calculado em R$ 900 milhões pelos adversários. Imbassahy calcula que o VLT custará cerca de R$ 500 milhões -equivalente ao valor da dívida da prefeitura.
Entre as "missões" que recebeu de ACM, Imbassahy ganhou projeção nacional quando ocupou "por acaso" o governo da Bahia em 1994, por oito meses.
Na época, ACM deixou o cargo para disputar uma vaga no Senado e seu vice, Paulo Souto, também se desincompatibilizou para concorrer ao governo.
Antes da disputa pela prefeitura, Imbassahy só concorreu a uma eleição, para deputado federal, também com apoio de ACM. Os carlistas dizem que ele não tem base eleitoral própria.

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