São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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PT vira 'objeto de desejo' de prefeito e governador para o segundo turno

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Terceiro colocado no primeiro turno da eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro , o PT está sendo cortejado pelo governador Marcello Alencar (PSDB) e pelo prefeito Cesar Maia (PFL), que disputam o apoio petista no segundo turno do pleito.
Com esse objetivo, os dois lançaram estratégias idênticas: disseram que não procurarão oficialmente a direção da legenda, mas deram declarações de simpatia em relação a posições caras aos petistas.
Governador
Adversário do Partido dos Trabalhadores, que lhe faz oposição na Assembléia Legislativa, Alencar, padrinho da candidatura de Sérgio Cabral, declarou que poderá aderir a alguns pontos defendidos pelo candidato do PT, Chico Alencar.
Segundo o governador, um deles poderia ser o orçamento participativo, uma forma de elaborar a proposta orçamentária adotada em algumas cidades governadas pelo PT, baseada na participação da comunidade.
"Eu vou sugerir que a gente traga esse acréscimo, porque é um aprendizado trazido pela campanha", afirmou o Alencar, que elogiou Chico e criticou a "máfia conservadora" do PFL.
"Quando a gente define isso, está definindo uma postura ideológica: a gente quer, democraticamente, a participação do povo", disse o governador.
Prefeito
O prefeito Cesar Maia -que também sofre oposição dos petistas- diz esperar apoio da esquerda acadêmica a seu candidato, o pefelista Luiz Paulo Conde.
Segundo ele, essa esquerda participa de seu governo por concordar com políticas adotadas pela prefeitura
O prefeito atacou o governador por pontos usualmente criticados pelo PT e pelas esquerdas: a privatização de empresas estatais e o tratamento dado aos funcionários públicos.
"A direita no Rio de Janeiro é o governador Marcello Alencar, com sua política de privatização selvagem, de privatização obscura", disse.
Insistindo na comparação com o Estado, Maia disse que a prefeitura tem estatais que poderiam ser privatizadas, como o Rio-Luz (iluminação pública) e Comlurb (recolhimento de lixo), mas, afirmou, não o faz por causa da função pública das empresas.
Chico Alencar
Objeto dos desejos políticos de Alencar e Maia, o petista Chico Alencar recebeu com ceticismo as declarações simpáticas ao PT e à esquerda feitas por ambos.
Chico brincou ao saber que o governador dissera que defenderia o orçamento participativo.
"Será que ele vai pedir a participação do deputado Roberto Jefferson (ex-integrante da 'tropa de choque' do presidente Collor)? Será que terá os conselhos do doutor (Eduardo) Spínola (dono da clínica Santa Genoveva, onde morreram 99 pessoas em dois meses, que apóia Cabral) na área de saúde?"
O candidato petista, que está em terceiro lugar nas apurações, ficou em disse que as declarações do governador e do prefeito são "meramente eleitoreiras" e sem autenticidade.

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