São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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Fracassa a apuração eletrônica no Rio

CHICO SANTOS
SERGIO TORRES

CHICO SANTOS; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

TRE e TSE trocam acusações sobre a responsabilidade pelos problemas na totalização dos votos

Fracassou a apuração da primeira eleição eletrônica no Rio, sem que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado tenha dado até o início da noite de ontem uma explicação convincente para o fato.
O presidente do TRE-RJ, Antônio Carlos Amorim, disse que a apuração estaria concluída à 0h de ontem. No horário, só 626.977 votos estavam totalizados, o que corresponde a 14,78% do eleitorado.
Até as 19h de ontem, a totalização não havia sido concluída. O boletim informava que a totalização atingia 90,14% dos votos.
Em Brasília, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, disse que o principal problema foi a incompatibilidade entre computadores tradicionais, obtidos por empréstimo para totalização dos votos, e o sistema de urnas eletrônicas. Mello afirmou que o problema ocorreu em vários Estados, mas com muito mais intensidade no Rio.
Às 22h de anteontem, Antônio Carlos Amorim responsabilizava a "lentidão" da transmissão dos dados pela Embratel. Mello contradisse Amorim: "Não podemos, de forma alguma, transferir para a Embratel a culpa pelo problema".
Às 17h de ontem, Amorim insistia na tese de lentidão nas linhas da Embratel. "A retransmissão é lenta. Não houve manuseio errado. Pedi ao TSE que me apresentasse uma prova disso e até agora não recebi resposta", afirmou ele.
A Embratel distribuiu nota oficial dizendo estranhar "as notícias que lhe atribuem atraso na apuração das eleições no Rio".
A nota diz que a estatal "cumpriu com sucesso e dentro dos prazos estabelecidos todas as suas obrigações contratuais relativas à transmissão de dados referentes ao evento em todos os Estados".
No TRE, técnicos comentavam que o programa dos computadores havia sido trocado três vezes na última semana. Em uma das trocas, teria havido um problema só detectado na hora da totalização.
A Folha apurou junto à cúpula do TRE-RJ que a causa do problema pode ter sido a contratação de pessoal não especializado para mexer nos computadores.
Para trabalhar na totalização, o TRE-RJ contratou técnicos de firmas particulares e de estatais, como a Petrobrás.

Colaborou Daniela Pinheiro, da Sucursal de Brasília

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