São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Sociedade deve custear metrô

PAULO PLANET BUARQUE

Todos sabemos que a solução para o problema do transporte coletivo em São Paulo e, consequentemente, a melhoria do trânsito na nossa acidentada cidade de ruas e avenidas estreitas e que jamais foram planejadas está no metropolitano, perfeitamente possível em algumas áreas da metrópole.
Também todos sabemos que se trata de obra cara, caríssima, que talvez não interesse à iniciativa privada por força do fantástico investimento e tarifa baixa, não compensadora para o capital investido, por força do problema social. Em todo mundo o metrô é subvencionado e é estatal.
Ninguém igualmente ignora que nem o Estado -praticamente sem condições de investimento, pois gasta tudo o que arrecada com seu custeio- nem a prefeitura -com bom investimento, mas responsabilidades sociais enormes- têm condições de arcar com as responsabilidades econômicas de tocar as obras do metrô.
O Estado tem feito alguma coisa, mas sempre por meio de empréstimos externos, que vão tornando sua economia mais e mais inadimplente. O Estado, no momento, não paga a ninguém!
Sendo o metrô indispensável, única solução básica para a melhoria das condições de vida da população da cidade, e mesmo da chamada Grande São Paulo, não há outra alternativa senão o seu autofinanciamento: a população colaborar para a sua construção, pelo menos dos 300 km que necessitamos para tirar das ruas uns 5.000 ônibus e 3 milhões de carros.
Como? Por meio de legislação específica, vale dizer, colaboração compulsória dos veículos, que pagariam R$ 0,10 a mais no litro de gasolina, álcool e óleo diesel, formando um fundo especificamente para as obras do metrô. Os recursos seriam especialmente fiscalizados pelo Tribunal de Contas, para que não tomassem outro destino, como quase sempre acontece.
Não apenas para São Paulo, mas para todas as capitais, incluindo-se todos os municípios da região metropolitana, pois as linhas dirigir-se-iam também até os mesmos.
Não há solução mais democrática, pois ajudarão a construir o metrô os que detêm veículo próprio, os que se servem do transporte rodoviário para ganhar a vida, a sociedade, e estamos em condições de dizer que se assustarão os governantes quando souberem o quanto se arrecadará mensalmente. Suficiente, sem dúvida, para os pagamentos necessários à continuidade indispensável dessa obra redentora do nível de vida dos que moram nesses municípios, diminuindo a poluição, desafogando o trânsito, amenizando o ruído.

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