São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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UNE faz plebiscito sobre 'provão' do MEC

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A UNE (União Nacional dos Estudantes) vai realizar nos dias 23 e 24 deste mês um plebiscito nas universidades para saber a opinião dos alunos sobre o "provão" do Ministério da Educação.
A ação direta de inconstitucionalidade apresentada pela entidade contra o exame do MEC deve ser julgada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) amanhã.
Se não conseguir barrar a realização do exame na Justiça, a UNE vai deflagrar uma campanha para que os alunos submetidos ao "provão" entreguem os exames em branco.
O exame será aplicado pela primeira vez no próximo dia 10 de novembro, para medir o desempenho dos estudantes que cursam o último ano dos cursos de direito, engenharia civil e administração.
A partir do ano que vem, o MEC pretende estender o "provão" para outras carreiras. O objetivo do exame é avaliar o nível de ensino das faculdades.
Inconstitucional
A ação de inconstitucionalidade foi movida por três partidos (PT, PC do B e PDT), a pedido da UNE, e exige a suspensão do "provão" por liminar.
Para fundamentar o recurso judicial, a UNE encomendou um parecer a Paulo Brossard, ex-ministro do STF e da Justiça.
Em seu parecer, Brossard afirma que a lei 9.131 -que instituiu o "provão"- é inconstitucional por ferir a Constituição em três artigos: 5º (proporcionalidade), 207º (autonomia universitária) e 84º (portarias ministeriais).
Outras iniciativas
Além da ação de inconstitucionalidade movida pelos três partidos, há um projeto de lei na Câmara, de autoria do deputado Sérgio Carneiro (PDT-BA), que prevê a anulação dos artigos 3º e 4º da lei que criou o "provão".
Segundo Sérgio Carneiro, a lei foi aprovada de maneira "imoral, autoritária, anti-regimental e casuística".
Isso porque, em vez de apresentar um projeto de lei, o governo federal optou por baixar MP (medida provisória). Além disso, incluiu na mesma MP do "provão" a criação do Conselho Nacional de Educação.
"O Ministério da Educação sabia que ninguém iria votar contra a criação do conselho. Eles tinham certeza de que perderiam se houvesse debate em torno do exame", afirmou Carneiro.
Audiências públicas
Hoje, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados deverá aprovar a realização de cinco audiências públicas -em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Curitiba- para a comunidade se manifestar sobre a realização do projeto.
"O governo não quis ouvir ninguém, mas nós vamos incentivar o debate. O 'provão' é um absurdo pedagógico, não mede nada e poderá ser usado contra os alunos que não obtiverem bons resultados na hora que procurarem emprego", afirmou o deputado Ricardo Gomyde (PC do B-PR).

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