São Paulo, quarta-feira, 9 de outubro de 1996
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Arafat faz sua 1ª visita oficial a Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, fez ontem sua primeira visita oficial a Israel e foi recebido pelo presidente Ezer Weizman em um encontro qualificado como "histórico".
A reunião aconteceu na casa de Weizman na cidade balneária de Caesarea, junto ao Mediterrâneo. A única visita anterior de Arafat ao país havia acontecido em novembro, para dar condolências à viúva do premiê Yitzhak Rabin, Leah.
Weizman é considerado um ativista pela paz no Oriente Médio e tem se chocado com o premiê Binyamin Netanyahu neste ponto. Seu cargo é apenas protocolar.
Arafat retribuiu o convite convidando Weizman para ir a Gaza, sede da Autoridade Palestina.
A principal ação prática do encontro foi o pedido de Arafat para que se transfiram as negociações de paz para Taba, no Egito, ou Eliat, em Israel, ambas cidades balneárias no mar Vermelho.
Desde domingo, as negociações estão acontecendo em Erez, na fronteira de Israel com a faixa de Gaza. Ontem ocorreu a terceira rodada, que discutiu a devolução de Hebron (Cisjordânia).
"Fiquei muito feliz de receber o presidente (Arafat) em minha casa. Tocamos em todo tipo de assunto, incluída a tragédia dos disparos, que deixou tantas vítimas, e concordamos que ela não pode se repetir", disse Weizman.
A tragédia a que se referiu Weizman são os conflitos entre palestinos e israelenses nas últimas semanas, que deixaram dezenas de mortos. Ela foi iniciada pela decisão de Netanyahu de abrir um túnel arqueológico sobre mesquitas de Jerusalém. Soldados e civis palestinos reagiram.
"O sr. Arafat me disse que dará ordem de não disparar mais", disse o presidente de Israel.
Protestos
A visita de Arafat foi marcada por manifestações. Em frente à casa, ativistas de esquerda deram apoio ao processo de paz. Do outro lado da rua, membros da direita se reuniram para protestar contra o fato de Weizman receber o palestino, a quem chamaram de "assassino de judeus".
Arafat chegou à casa de Weizman em um helicóptero da Força Aérea israelense. Estava acompanhado apenas por um assessor. A reunião durou 25 minutos.
Um ativista do proscrito movimento direitista Kach, Noam Federman, pediu à Suprema Corte que emita uma ordem de prisão contra Arafat, a ser cumprida quando ele pisasse em território israelense.
O ativista acusa Arafat de assassinato e ligação a grupo terroristas. Mas o pedido não tramitou ontem na Corte.
Israel reabriu dois postos de fronteira entre a faixa de Gaza e Israel, um deles o de Erez, onde estão ocorrendo as negociações de paz. A medida permite aos palestinos voltar a trabalhar em Israel. Também foi suspenso o bloqueio contra a cidade palestina de Ramallah (Cisjordânia).

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