São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Proposta cria contradição na Constituição

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta de reeleição defendida pelos aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso poderá criar uma contradição na Constituição.
Os candidatos à reeleição não teriam que se afastar do cargo para concorrer ao mesmo cargo. FHC ficaria autorizado a disputar um segundo mandato sem se licenciar do Palácio do Planalto.
Mas a renúncia prévia dos cargos ainda seria exigida no caso de prefeitos, governadores ou de presidentes que quiserem disputar outros cargos.
A desincompatibilização seis meses antes da eleição é exigida pelo artigo 14 da Constituição.
O motivo da exigência constitucional é evitar que ocupantes de cargos no Poder Executivo lancem mão da máquina pública para se beneficiarem na eleição.
Sem mudança
O relator da emenda, deputado José Múcio (PFL-PE), está decidido a manter a fórmula de "reeleição sem licença prévia", adotada em todos os países que admitem um segundo mandato para seus presidentes.
O relator disse ontem que não se pretende tocar na exigência de desincompatibilização, que atinge atualmente também os secretários municipais e estaduais, ministros e dirigentes de empresas estatais.
Eles são vistos como concorrentes privilegiados a mandatos no próprio Congresso -daí a resistência dos parlamentares em alterar as atuais regras.
O autor da emenda da reeleição, deputado Mendonça Filho (PFL-PE), vai apresentar um projeto de lei obrigando o candidato a ressarcir à União gastos eleitorais, como o uso do avião da Presidência para campanha política.
É uma forma de manter intacta a proposta de reeleição sem desincompatibilização.

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