São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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SP vive onda de sequestros relâmpagos

DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo está vivendo uma onda de sequestros relâmpagos. São casos em que os sequestradores não usam cativeiros, querem fazer a negociação e a libertação no mesmo dia e pedem resgates de baixo valor.
Dois casos como esses aconteceram na segunda e terça-feira desta semana na cidade.
As vítimas foram duas estudantes, uma de 20 e outra de 12 anos, sequestradas próximo a escolas na zona sul. Um dos sequestradores é menor.
Ônibus
A estudante S.M.P., 12, foi sequestrada anteontem em um ônibus quando voltava da escola, em Moema. Ela ficou oito horas com o sequestrador, um adolescente de 17 anos.
O acusado teria exigido R$ 4.000 de resgate e acabou detido pela polícia quando ia receber o dinheiro na estação Santa Cruz do Metrô (leia texto abaixo).
Na segunda-feira, foi a vez de uma estudante de 20 anos da faculdade Anhembi Morumbi. Ela foi rendida por um homem ao chegar à escola, na Vila Olímpia (zona sul de São Paulo).
Após tentar retirar dinheiro no caixa eletrônico e não conseguir, o ladrão estuprou a vítima e exigiu R$ 500 de resgate à família.
Baleado e preso, o acusado se matou cortando o pescoço com um caco de vidro no plantão policial do 20º DP (zona norte).
Perfil
Os sequestros relâmpagos são feitos, geralmente, por quadrilhas ou pessoas sem estrutura para manter um cativeiro.
Os criminosos costumam ficar com a vítima dentro de um carro, rodando pela cidade, enquanto telefonam para a família e exigem o resgate. A vítima é libertada em, no máximo, 24 horas.
As quantias são baixas, pois grandes somas demoram para ser conseguidas. De acordo com a polícia, a idéia de fazer esse tipo de sequestro geralmente acontece durante um roubo com refém.
"A primeira coisa que a família da vítima deve fazer é chamar a polícia. Ninguém deve pagar um resgate sem prova de que seu familiar está vivo", disse o delegado.
Coincidência
A polícia afirma que ainda é cedo para falar em onda de sequestros relâmpagos.
"Foi coincidência haver dois casos assim em uma semana", afirmou o delegado Joffre Sandin, 50, diretor da Diprocom (Divisão de Proteção Comunitária).
Aconteceram neste ano 9 casos de sequestro clássicos no Estado de São Paulo e 13 em 1995.
O caso mais grave foi o do construtor Antônio Alves Barril, 68.
Sequestrado em 29 de abril passado, ele foi assassinato horas depois com dois tiros na cabeça pelos sequestradores (leia na pág. 3).
Mesmo assim, os criminosos telefonaram para a família e receberam dois resgates que, somados, chegaram a R$ 204 mil. Anteontem, três acusados do crime foram presos pela polícia.

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