São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Grupo abriu cova para enviar aliança

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sequestradores do empresário Antônio Alves Barril, 68, desenterraram seu corpo para pegar a aliança de casamento da vítima e enviá-la à família, como prova de que ele ainda estava vivo, para forçar o pagamento do resgate.
A revelação foi feita ontem pela polícia. De acordo com o delegado Joffe Sandin, 50, os sequestradores mataram o empresário no dia 29 de abril passado, horas depois de rendê-lo no Tatuapé (zona leste).
Até anteontem, Barril estava desaparecido. Seu corpo foi achado em uma cova rasa perto do túnel Mata Fria, na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (Grande São Paulo).
Durante as negociações, a família de Barril exigiu que os sequestradores dessem uma prova de que o empresário estivesse vivo. Por isso, os acusados desenterraram o corpo e retiraram a aliança.
O resgate de R$ 163 mil foi pago em seguida. Um mês depois, outro pagamento, dessa vez de R$ 60 mil, foi feito pela família aos sequestradores sem prova de vida.
Prisão
A polícia descobriu os acusados após uma denúncia anônima. O primeiro identificado foi Vitor Labate, 42, dono de uma empresa de terraplanagem na zona leste. Ele foi preso anteontem de manhã.
Em seguida, foi preso o comerciante Pedro Soares Modollo, 34. Segundo a polícia, Modollo planejou o sequestro. Ele conheceria um genro de Barril, para quem teria feito instalações elétricas.
O último a ser detido foi o professor de ginástica Antônio Rodrigues, 24. De acordo com a polícia, ele confessou ter atirado em Barril e foi preso na academia em que trabalhava, na zona leste.
Os três disseram que não planejavam matar o empresário. Barril deveria ficar em cativeiro numa barraca de camping perto do lugar em que acabou sendo morto.
Segundo a polícia, eles mataram o empresário porque a barraca não estava mais no local quando chegaram com a vítima.
Jamais os três haviam sido acusados de algum crime grave anteriormente. Modollo já havia sido acusado de furtar energia elétrica e Labate havia respondido a um processo por acidente de trânsito.
"Acabei com minha vida", afirmou Labate, que é casado e tem filhos. O professor de ginástica nunca havia sido processado.
Eles tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça. Caso sejam condenados, poderão pegar até 30 anos de prisão.

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