São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Farah quer pretexto para cancelar jogos da TV

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, afirmou ontem que irá procurar pretextos para cancelar as partida da TV aos domingos, quando o jogo for em São Paulo.
"Transmitir para todo o Brasil, inclusive para São Paulo, um jogo como Palmeiras e Corinthians, o maior clássico paulista, num estádio com 2.000 pessoas é ridículo", disse Farah.
No último domingo ele determinou o adiamento desse jogo, alegando problemas com a chuva que atingiu a cidade.
Ontem Farah indicou que a chuva foi só um pretexto.
"Se pudesse, faria acordo com São Pedro para chover todo domingo às 15h30", disse.
Farah tem o direito de adiar a partida por ser observador da Confederação Brasileira de Futebol em São Paulo.
Ele tem de decidir o adiamento com três horas de antecedência. No caso do jogo das 19h, até as 16h.
"Se achar um motivo, vou adiar outros jogos", afirmou Farah.
Segundo ele, os presidentes de Palmeiras e Corinthians telefonaram para dar apoio à decisão de adiar o jogo no último domingo.
Além de beneficiar os clubes, o adiamento é mais um capítulo na disputa entre Farah e a CBF, que divergem quanto à mudança do calendário do futebol brasileiro.
"A Globo está correta em transmitir a partida, pois o contrato permite. Eles querem brigar com o SBT na disputa por audiência. Mas não podemos sacrificar o futebol por uma guerra de audiência", afirmou Farah.
Menos público
Um levantamento publicado pela Folha na última semana mostra que a transmissão do jogo das 19h aos domingos, inclusive para a cidade onde está sendo disputado, reduz o público no estádio.
"Que está prejudicando, não há dúvida", afirmou o vice-presidente de futebol do Palmeiras, Seraphim del Grande.
Segundo ele, o clássico com o São Paulo, dois domingos atrás, foi jogado no Parque Antarctica, pois sabia-se que o público seria pequeno. Com TV ao vivo, houve só 8.500 pagantes.
Mas o dirigente palmeirense se mostrou cético quanto à estratégia de adiar as partidas.
"Infelizmente foi feito um contrato com as TVs, para um horário impróprio e num valor que não tem cabimento. Mas temos de cumprir o acordo", disse.
Segundo ele, o Clube dos 13, associação que reúne as principais equipes do país, tentou negociar com as TVs a não-transmissão para a cidade onde se realiza o jogo.
"Mas não houve acordo com a Globo. Houve inflexibilidade e vamos levar isso em consideração na negociação do ano que vem."
Outro lado
O diretor de Negociações Esportivas da Globo, Ciro José, discorda. "A proposta por esses jogos foi feita pelos próprios clubes, inclusive o valor e o horário", disse.
Ele confirmou que houve uma tentativa de rever o acordo por parte dos clubes, mas que "não houve entendimento".
Uma das causas da indisposição ao acordo pode ter sido a inclusão da Bandeirantes na transmissão do domingo, que originalmente era exclusiva da Globo.
Ciro José disse considerar que o adiamento da partida do último domingo se deveu exclusivamente a motivos técnicos, isto é, por problemas causados pela chuva.

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