São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Empresário de Maradona se entrega após batida

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

O empresário de Maradona, Guillermo Cóppola, 48, se entregou ontem à noite para a polícia. Ele passou o dia foragido após a Justiça encontrar meio quilo de cocaína em seu apartamento, no norte da cidade de Buenos Aires.
O juiz Hernán Bernasconi ordenou a batida no apartamento de Cóppola, na madrugada de ontem.
Foi encontrado meio quilo de cocaína em um vaso de flores e foram apreendidos dois cofres.
Amizade
Cóppola conheceu Maradona em 85, apresentado pelo jogador Oscar Ruggeri. Logo, os dois estabeleceram uma relação de amizade e profissional.
Tanto que Cóppola largou todos os outros jogadores que gerenciava. Na passagem de Maradona pelo Napoli, da Itália, não faltaram denúncias de ligação dos dois com a Camorra, a máfia napolitana.
Nada foi provado, apesar de uma fotografia mostrar Maradona ao lado de chefes mafiosos.
Cóppola cresceu em um cortiço do bairro portenho de San Telmo e começou a trabalhar como caixa em um banco próximo ao estádio do Boca Juniors, La Bombonera.
Vendo os jogadores do time irem ao banco depositar seus salários sem muita informação, Cóppola começou a auxiliar os atletas e, logo, tornou-se empresário, chegando a gerenciar 183 futebolistas.
Vida noturna
Além de suas amizades no futebol, Cóppola tem muito trânsito na vida noturna de Buenos Aires.
Fotos ao lado dos filhos do presidente Carlos Menem, Zulemita e Carlitos, não eram raras nas colunas sociais até pouco tempo.
Os cenários, geralmente, eram as casa noturnas Trumps e El Cielo.
Anteriormente, Cóppola já era suspeito de envolvimento com tráfico. A primeira vez aconteceu quando uma camionete, de sua propriedade, foi usada para transporte de drogas. Cóppola foi interrogado, mas não houve processo.
Em outro caso, uma rota de tráfico foi investigada, mas não chegou a atingir o empresário de futebol.
Pouco tempo depois, o juiz do caso, Francisco Trovato, começou a ser investigado por enriquecimento ilícito e suposto recebimento de propinas.
Nas atuais investigações, acredita-se que o juiz Bernasconi usa escuta telefônica.
Uma conversa entre Cóppola e Maradona teria sido gravada, com detalhes do desaparecimento da amostra de urina que poderia incriminar o jogador.
(RB)

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