São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Hancock diz que CD 'pop' não é comercial

CARLOS CALADO E EVA JOORY
ESPECIAL PARA A FOLHA E DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar dos promissores programas das salas New Directions e Club, a grande atração da noite de hoje é o pianista Herbie Hancock, 56, que deve lotar os 1.600 lugares da sala Main Stage.
O músico norte-americano -que já tocou em várias ocasiões no país, inclusive no próprio Free Jazz- retorna acompanhado por um quinteto de tarimbados instrumentistas do gênero.
Quatro deles, assim como Hancock, foram parceiros de Miles Davis (1926-1991): John Scofield (guitarra), Dave Holland (contrabaixo), Jack DeJohnette (bateria) e Don Alias (percussão).
Com a adesão do saxofonista Michael Brecker, o grupo reuniu-se pela primeira vez no ano passado para gravar o último CD de Hancock, "The New Standard" (Verve/PolyGram), já lançado aqui.
Em entrevista coletiva ontem à tarde, Hancock disse que a princípio teria achado a idéia de gravar standards pop, sugerida pelo co-produtor Guy Einstein, "muito comercial". "Não queria fazer um trabalho pensando na vendagem", afirmou.
Ele acrescentou que a filosofia por trás da decisão de gravar o disco foi a de acreditar num novo conceito de "standards": "Foram desde os anos 60 o ponto de partida para o repertório de jazz".
Para DeJohnette, a reunião dos músicos "funcionou muito bem": "Cada um trouxe um elemento de frescor. O fato de termos escolhidos 'standards' foi um veículo que nos permitiu criar".
É desse disco que sairá grande parte do repertório do concerto de hoje. Para esse show, Hancock desenvolveu versões jazzísticas para hits da música pop, defendendo a tese de que esses serão os futuros "standards" do jazz.
Entre outras canções, aparecem no disco: "You've Got It Bad Girl" (de Stevie Wonder), "Love Is Stronger than Pride" (Sade), Thieves in the Temple" (Prince), "Norwegian Wood" (Beatles) e "All Apologies (Kurt Cobain).
Por causa do quilate dos músicos da New Standard All-Stars, que atuam como solistas, Hancock foi obrigado a formar outra banda para suas recentes turnês pelos EUA e Europa. Mais uma razão para que a platéia brasileira não perca esta rara chance.

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