São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Guerrilha islâmica mata 34 na Argélia

Degolados ocupantes de um ônibus

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Guerrilheiros muçulmanos mataram ontem 34 pessoas em uma emboscada na cidade de Bouterkfine, cerca de 400 km ao sul da capital da Argélia, Argel.
O ataque, um dos mais violentos em quase cinco anos de guerra civil no país, ocorreu perto de Laghouat, no deserto do Saara.
Os fundamentalistas montaram um posto de comando falso em uma estrada que leva à cidade.
Degolados
"Cerca de 20 passageiros de um ônibus desceram do veículo para que seus documentos fossem checados e acabaram mergulhando num pesadelo. As gargantas das pessoas uma a uma foram cortadas", disse o jornal "Liberté".
"Pessoas em carros particulares tentaram fugir, mas foram baleadas e mutiladas pelos terroristas", publicou o jornal. Por exigência dos guerrilheiros, o motorista do ônibus teve de incendiá-lo.
Segundo o "Liberté", os guerrilheiros também pararam uma ambulância, mataram o seu motorista, uma enfermeira e o marido da paciente que estava no veículo.
Segundo os jornais, o número de mortos pode chegar a 38. Mas um comunicado divulgado pelos serviços de segurança do país dizia que só nove pessoas morreram.
Soldados do Exército argelino foram enviados à região, de acordo com o relato dos jornais.
Ordens
O "Liberté" afirmou que os guerrilheiros agiram sob as ordens de um veterano de guerra dissidente do Grupo Islâmico Armado.
O GIA é um dos grupos armados argelinos que tenta derrubar o governo militar do país.
Em janeiro de 1992, o governo argelino cancelou as eleições gerais do país, vencidas pela Frente Islâmica de Salvação. Estima-se que 50 mil pessoas tenham sido mortas na guerra civil.
Postos de comandos controlados por policiais ou soldados são comuns nas estradas da Argélia, país do norte da África.
Os rebeldes muçulmanos aproveitam essa possibilidade e armam os seus próprios controles.
Preocupações
Toda vez que um argelino viaja da capital para o interior do país, além de saber sobre condições meteorológicas, por exemplo, tem de se informar também sobre os postos de comando: se são recentes, a distância entre eles, qual o trecho da estrada mais perigoso e se funcionam 24 horas por dia.
Os fundamentalistas islâmicos, muitas vezes disfarçados de militares, param os veículos e pedem os documentos dos passageiros.
Dessa forma, os rebeldes conseguem identificar os seus principais alvos: militares, juízes, jornalistas e policiais civis, que normalmente são mortos a tiros, degolados ou sequestrados pelo grupo.

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