São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Líderes governistas se sentem traídos

Parlamentares não conheciam o pacote

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes dos partidos governistas sentiram-se traídos pelo Palácio do Planalto por não terem sido consultados com antecedência sobre o pacote de contenção de despesas.
Eles não esconderam o desconforto dos ministros na reunião realizada minutos antes do anúncio oficial do pacote.
Somente na reunião os parlamentares foram informados sobre parte das medidas.
O líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), disse ao ministro Pedro Malan (Fazenda) que o Senado não vai aceitar a decisão de aplicar todos os recursos arrecadados com a privatização de estatais na redução da dívida pública.
Com apoio dos demais líderes do Senado, Elcio afirmou que o governo prometeu aplicar os recursos da venda da Companhia Vale do Rio Doce em projetos de desenvolvimento. Diante da reação, Malan tirou o assunto de pauta.
O líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), criticou o "uso e abuso" de MPs (medidas provisórias) pelo governo e manifestou receio de que o pacote ameace direitos adquiridos dos servidores públicos.
Para ele, também "fica difícil explicar por que o governo está há dois anos cobrando do Congresso a aprovação das reformas previdenciária e administrativa, se poderia adotar ações nesse sentido por meio de MP".
O presidente do PPB, senador Esperidião Amin (SC), não foi à reunião, mas criticou as medidas. "Esse pacote é farofa. O governo economizaria muito mais se colocasse todos os cargos de confiança nas mãos de funcionários de carreira."
O líder do PFL no Senado, Hugo Napoleão (PI), nem quis dar entrevista. Ele não gostou do pacote e vai reunir a bancada pefelista na próxima semana para discutir o assunto.
O líder do PMDB na Câmara, deputado Michel Temer (SP), foi o único a dar opinião favorável. "Se essas ações são indispensáveis para a administração, têm de ser tomadas."

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