São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Fiscalização faz 4 autuações na clínica
DA REPORTAGEM LOCAL Uma equipe de técnicos do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo lavrou quatro autuações contra a clínica Santé (zona sul de São Paulo), durante uma vistoria realizada ontem.As irregularidades constatadas no local, segundo a diretora do Centro, Marisa Lima Carvalho, foram as seguintes: 1) falta de médico responsável pela clínica durante as três horas e meia de fiscalização; 2) armazenamento ilegal de grande quantidade de remédios psicotrópicos, como calmantes e anestésicos, de venda controlada pelo Ministério da Saúde; 3) presença de medicamentos sem identificação da fórmula ativa no rótulo. Esses remédios foram feitos no atacado por uma farmácia de manipulação, que só é autorizada a vender no varejo; 4) a clínica não dispõe de enfermeiras contratadas 24 horas por dia, o que é exigido pelo Ministério da Saúde. A Vigilância Sanitária abriu um processo administrativo para cada autuação contra a clínica Santé, que tem um prazo de 15 dias para apresentar recurso. Se o processo decidir pela condenação, a Vigilância tem autoridade para tomar três medidas: multar, interditar provisoriamente ou cassar o registro da clínica. Nota da clínica Os responsáveis pela Santé divulgaram nota oficial contestando as acusações da Vigilância. O comunicado diz que os quatro médicos responsáveis pela clínica e a enfermeira chefe estavam em reunião, mas havia um plantonista no local durante a vistoria. A nota também afirma que o livro de controle dos medicamentos usados na clínica estaria com esses profissionais. Dois médicos faziam parte da equipe de fiscais. O objetivo era verificar os prontuários feitos pelo anestesista Francisco Minan Neto e pela cirurgiã plástica Ana Helena Patrus de Souza sobre o atendimento à modelo. Como não havia nenhum médico na clínica, os fiscais não tiveram acesso aos prontuários. Por isso, deve ocorrer uma nova vistoria na clínica na próxima semana. Segundo a Vigilância Sanitária, a clínica não apresentou ontem o último alvará de funcionamento, que é fornecido anualmente pela Secretaria de Estado da Saúde. Os funcionários que estavam na clínica tinham apenas os alvarás de 1994 e 95, que permitiam à clínica fazer operações ambulatoriais. "Eles entregaram uma cópia da solicitação do alvará, que teria sido entregue à Vigilância. Mas nós ainda não achamos o original dessa solicitação", declarou Marisa Carvalho da Vigilância. Polícia A Polícia Civil de São Paulo vai apurar se houve negligência ou imperícia dos médicos. Ontem, foi pedida uma perícia na clínica ao IC (Instituto de Criminalística). Até o começo da noite de ontem, os peritos não haviam ido à Santé. "Não há uma data definida para o trabalho ser feito", disse o delegado João Lopes, do 15º DP. A polícia convocará o marido da modelo, o publicitário Celso Loducca, para depor na próxima semana. "Queremos que ele confirme a informação de que a clínica escondeu o estado de saúde da modelo", afirmou o delegado. Além dele, a polícia quer convocar familiares da modelo e os diretores do Conselho Regional de Medicina que estiveram anteontem na Santé. O objetivo é saber se há irregularidades na clínica. Além da perícia do IC, a delegacia pretende requisitar a um perito médico uma análise dos procedimentos adotados pela Santé no caso da modelo. Texto Anterior: Dutra deve receber 150 mil veículos Próximo Texto: Paraplégica acusa médico envolvido Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |