São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Doença 'misteriosa' deixa o corpo pelado

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma doença que pode deixar, em poucos meses, uma pessoa sem um único fio de cabelo ou pêlo em todo o corpo continua a ser um mistério para a medicina.
O problema, conhecido como alopecia areata, é causado por uma atividade inadequada do sistema imunológico (defesa do organismo), que passa a "atacar" os próprios folículos pilosos, produtores de cabelos e pêlos.
Não se sabe ao certo o que gera o descontrole no sistema imunológico. Há um componente genético evidente -20% das pessoas com a doença têm familiares que enfrentam o mesmo problema.
Um fator desencadeante deve estar aliado à predisposição genética. Infecções por vírus, alterações nos hormônios e problemas emocionais são os principais candidatos. A doença não é contagiosa.
"Hibernação"
Segundo Sebastião A. P. Sampaio, dermatologista e professor emérito da Faculdade de Medicina da USP, os folículos não são destruídos, mas ficam em uma espécie de estado de "hibernação".
Um exército de linfócitos (células de defesa) é atraído para a região dos folículos, produz uma reação inflamatória e interfere no crescimento dos pêlos.
A alopecia areata começa, em geral, com uma placa lisa, arredondada e uniforme em uma região antes "habitada" por pêlos. Os locais mais comuns são couro cabeludo, barba ou sobrancelhas.
A doença pode ficar localizada, por muitos anos, nessa placa única ou se expandir rapidamente.
Valéria Aoki, dermatologista do Hospital das Clínicas da USP, explica que a evolução da doença é imprevisível. Segundo Valéria, quanto mais precoce for a idade de início da queda dos pêlos, mais difícil o tratamento.
Tratamento
Sampaio diz que o tratamento mais eficaz é a infiltração de corticóide (substância antiinflamatória) no local da lesão. Nos casos da alopecia universal, em que todos os pêlos do corpo são afetados, esse tratamento é mais difícil.
O corticóide bloqueia a atividade do sistema imunológico e permite que os pêlos voltem a crescer. A interrupção do tratamento pode fazer com que os pêlos tornem a cair.
Substâncias irritantes da pele ou do couro cabeludo podem ser usadas para "ativar" os folículos. No entanto, segundo Sampaio, o efeito é inferior ao dos corticóides. Os irritantes alcançam melhores resultados nas lesões localizadas.
No último mês, a princesa Caroline de Mônaco foi fotografada sem cabelo. Os especialistas apontam a alopecia areata como possível causa.

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