São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Neschling deve suceder Eleazar na Osesp

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

John Neschling deve suceder Eleazar de Carvalho como regente titular da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Ele aceitou o convite do secretário estadual de Cultura, Marcos Mendonça, mas sua contratação ainda depende de acerto entre as partes.
Mendonça está em Paris, onde foi receber um prêmio por programas da TV Cultura. De lá, telefonou para Neschling em Trieste (Itália), onde o maestro estava abrindo a temporada lírica.
"Fiquei interessado, mas a negociação vai ser longa", afirma o regente. "Quero fazer um trabalho a longo prazo que transforme a Osesp em uma orquestra de nível internacional, com o que o secretário e o Jorge Cunha Lima (presidente da Fundação Padre Anchieta) concordam. Ficamos de nos encontrar em Washington, no mês que vem, para acertar detalhes."
O plano de Neschling inclui a recuperação do nível salarial dos músicos, um local de ensaio fixo para a orquestra e a realização de gravações, principalmente de compositores brasileiros e de outros países latino-americanos.
"Tudo isto deve ser feito a longo prazo, e o secretário também acha que a orquestra precisa ser reestruturada", afirma. "Não tenho interesse, nem tempo, em reger a Osesp como ela está atualmente."
Tempo pode ser o maior empecilho à vinda de Neschling ao Brasil. Diretor artístico das casas de ópera de Saint Gallen (Suiça) e Bordeaux (França), o regente tem também vários compromissos no exterior.
"Esta é a realidade de um regente de carreira internacional", diz. "Não há maestro de nível internacional que possa passar nove meses do ano em São Paulo."
Carioca, de 49 anos, John Neschling começou sua carreira internacional em 1984, quando assumiu a direção artística do Teatro São Carlos, de Lisboa. Dirigiu a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo em 89 e 90. Saiu por desentendimentos com o então diretor do Municipal, Emílio Kalil.
Eleazar de Carvalho foi o regente titular da Osesp por 23 anos, até sua morte, em 12 de setembro. Já em agosto, entretanto, com o agravamento do estado de saúde de Eleazar, Mendonça e Neschling tiveram uma reunião sigilosa no Rio de Janeiro.
Lista
Após a morte do maestro, os músicos da orquestra entregaram uma lista com suas preferências sucessórias ao secretário. Encabeçada por John Neschling, continha ainda Roberto Tibiriçá, regente da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Diogo Pacheco, regente-assistente da Osesp, achava-se o sucessor natural de Eleazar. Excluído da lista, e sentindo-se traído pelas negociações de bastidores, pediu demissão em uma carta encaminhada aos músicos, na qual afirmava que sua missão havia se encerrado com a morte de Eleazar. O secretário Mendonça nomeou como diretor interino da Osesp Aylton Escobar, diretor da Universidade Livre de Música e coordenador artístico do Festival de Inverno de Campos do Jordão.

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