São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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Auditor do Nacional é indiciado pela PF

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A PF (Polícia Federal) indiciou ontem Marco Aurélio Maciel, sócio da KPMG Peat Marwick, que era responsável pela auditoria independente dos balanços do Banco Nacional.
Maciel é o primeiro indiciado no caso Nacional que não pertencia à direção do banco. Ele é acusado de co-autoria de gestão fraudulenta e fraudes em balanços de instituições financeiras. Com ele, o inquérito da PF já relaciona 17 pessoas.
Maciel depôs das 10h até as 16h30 e não convenceu o delegado Galileu Pinheiro de que a KPMG foi vítima dos diretores do Nacional.
Os representantes da KPMG disseram ter sido vítimas -assim como o Banco Central, os acionistas do banco e o próprio Nacional também teriam sido.
Para a PF, a alegação de Maciel de que a auditagem foi regular não corresponde aos fatos. A PF acredita que a KPMG tinha conhecimento de problemas no Nacional e não verificou sua extensão.
Nos balanços de 85 e 86, quando começaram a ser criados os supostos créditos fictícios, a KPMG fez ressalvas sobre os balanços, que tinham por base dados fornecidos pelo próprio Nacional.
No fim de 95, quando o BC interveio no Nacional, os créditos fictícios em 652 contas correntes totalizavam cerca de R$ 5,3 bilhões.
A assessoria da KPMG disse que a auditoria é feita com informações prestadas pela empresa, que se responsabiliza pelos dados.
Os representantes da KPMG se disseram surpresos com o indiciamento. A empresa disse que acreditava participar da investigação como colaboradora e não entende por que a situação mudou.
"A KPMG vai avaliar a nova situação e ver o que fazer. A empresa vai continuar a colaborar com a PF, Ministério Público e Conselho Regional de Contabilidade", disse a assessoria da empresa.
A KPMG teme prejuízos para a imagem da empresa. Como a concorrência no setor é acirrada em todo o mundo, a notícia pode ter reflexos em outros países.
A partir de hoje devem depor na PF ex-presidentes do Banco Central que exerceram o cargo entre 1985 e o início da década de 90. Fernão Bracher já pediu adiamento e talvez não compareça.

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