São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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Mãos à obra

MELCHIADES FILHO

Allen Iverson, Marcus Camby, Shareef Abdur-Rahim, Ray Allen e Stephon Marbury.
Esses são os melhores da leva de universitários que está chegando agora à NBA.
Em comum, além do talento e dos supersalários (mais de US$ 1,5 milhão/ano), os cinco provam que o sonho do profissionalismo contaminou a raiz social do basquete dos EUA.
Todos nasceram de famílias pobres, em vizinhanças violentas. Curiosamente, nunca trabalharam -passaram infância e adolescência nas quadras.
"Nem conheço o verbo trabalhar. Minha vida, manhã, tarde e noite, inverno e verão, fiquei com a bola", conta Marbury, 19.
No seu caso, os pais apostaram as economias para dar a nove filhos a oportunidade de tentar a sorte no esporte.
Irmão após irmão fracassaram -até que o caçula explodiu nos playgrounds barra-pesadas de Coney Island, NY.
"Por 20 anos a família esperou. Passamos fome, mas agora vamos melhorar", festejou Eric Marbury, 36, o mais velho, no dia em que o irmão foi contratado pelo Minnesota, da NBA.
Iverson, Camby, Abdur-Rahim e Allen também não sabem o que é salário -uma diferença brutal para as gerações anteriores, que ergueram a liga.
O adolescente Wilt Chamberlain, o maior reboteiro da história da NBA, por exemplo, carregou malas em hotéis de Philadelphia nos anos 50.
Dennis Rodman, o maior reboteiro em ação, foi faxineiro de um aeroporto no Texas até quatro antes de chegar à NBA.
"Essa turma nova é despreparada para o estrelato. Não sabe o que é contracheque, nunca teve patrão, não dá valor ao emprego", criticou em 1995 à Folha Karl Malone, astro do Utah.
John Stockton, seu colega de time, concordou: "A abordagem deles é descompromissada".
Recordista histórico de assistências e desarmes da NBA, Stockton foi pedreiro, manobrista e auxiliar em um bar.

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