São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1996
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Livro conta dez anos de Dolce & Gabbana

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Há dez anos, em Milão, o siciliano Domenico Dolce e o veneziano Stefano Gabbana realizaram o primeiro desfile da coleção Dolce & Gabbana. Nos dez anos seguintes, os dois nomes se tornaram sinônimos de moda e estilo.
Para comemorar esses anos de trajetória, editaram o livro "Dez Anos de Dolce & Gabbana", que chega ao Brasil, em sua versão em inglês (R$ 128,00).
Em entrevista à Folha, por telefone, de Milão, Stefano Gabbana falou sobre o livro, o problema das cópias de suas grifes, negócios e Madonna.
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Folha - Isabella Rossellini e Linda Evangelista são as duas modelos mais constantes no livro? Ainda são suas modelos preferidas?
Stefano Gabbana - Linda sempre foi uma de nossas modelos preferidas. É ainda hoje. Quando vem para Milão, sempre a usamos em nossos desfiles.
Isabella é, mais do que tudo, uma amiga, mas que também exprime os nossos conceitos: é uma mulher italiana, famosa no mundo inteiro, tem um sobrenome ligado a um filão que exploramos, que é o cinema neo-realista italiano... É uma espécie de musa.
Folha - Vocês sempre citam o neo-realismo. Não gostariam de criar figurinos para cinema?
Gabbana - É um trabalho muito diferente daquele que fazemos. Ali se trabalha mais com costumes, não com estilo.
Folha - Fabien Baron é um dos autores do projeto gráfico do livro. É a primeira vez que vocês trabalham com ele?
Gabbana - Conhecemos Fabien Baron há muitos anos. Ele trabalhava aqui, na "Vogue Itália". Somos muito amigos. Baron é autor de um design gráfico muito moderno. Ele criou muito na indústria da moda.
Para o livro, não queríamos nem uma coisa vanguarda nem uma coisa velha, mas algo clássico, como Fabien.
Folha - Giovanni Bianco não funcionaria?
Gabbana - Bianco está em uma fase muito criativa, mas ele seria criativo demais para mostrar nosso trabalho. Pensamos que talvez ele quisesse se emprenhar muito, compreende? Iria se empenhar muito em um trabalho que não exigiria tanto. Queríamos algo mais linear e limpo.
Folha - Vocês têm muitos problemas com cópias de Dolce & Gabbana?
Gabbana - Muitos e grandes. Seja com a marca Dolce & Gabbana, quanto com a D&G. Temos muitos processos em andamento no Oriente. E também na Itália.
Por isso retiramos todas as marcas visíveis na coleção D&G masculina que apresentamos em junho. Todas as etiquetas e inscrições D&G externas sumiram.
Grande parte das cópias existem apenas porque existe a marca. Não tem nada a ver com o estilo. É a marca que todos querem. Se eu tiro o logotipo, a cópia perde o sentido.
Folha - É verdade que vocês foram contactados para produzir o guarda-roupa do bebê de Madonna?
Gabbana - Não é verdade. Foi um boato. Eu vou falar com Madonna hoje à noite (sexta-feira passada) e verei o que ela quer para a menina. Ainda não dei nada de presente. É inútil que eu fique pensando em um presente sem saber o que ela realmente precisa.
Na verdade, fizemos roupas especialmente para a Madonna durante a gravidez, tipo baby-dolls. Mas são coisas pessoais.
Folha - Qual o segmento mais importante de Dolce e Gabbana?
Gabbana - Monetariamente, o que rende mais nesse momento é a D&G. Mas isso é uma consequência. Todas as atenções estão na primeira linha: Dolce & Gabbana Uomo e Dolce & Gabbana Donna. Se elas são de altíssimo nível e funcionam, consequentemente movimentam as outras linhas também: perfumes, acessórios, roupa íntima, D&G, roupas de mar... O fator mais importante é manter a primeira linha, masculina e feminina, em um nível muito alto, para que as outras funcionem.
Folha - Existem planos de expansão?
Gabbana - Devemos abrir as lojas exclusivas em Nova York, em julho de 1997: Dolce & Gabbana na Madison av. e D&G no SoHo. Também estamos trabalhando no perfume D&G e procuramos um sócio para o desenvolvimento de pratos e toalhas.
Já temos esses produtos à venda em Milão, tudo feito a mão, na Sicília. Agora procuramos um sócio para a produção e distribuição desses produtos no mundo.

Onde encontrar - "10 Years of Dolce & Gabbana" (livraria Toc na Cuca, av. Nove de Julho, 5.485, tel. 011/852-2030)

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