São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1996
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Erros podem decidir pleito na Nicarágua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A incapacidade de registrar quase 5% dos eleitores e de levar cédulas eleitorais até locais remotos da Nicarágua pode decidir se o país terá de volta um governo sandinista (de esquerda) ou outro presidente conservador no lugar de Violeta Chamorro.
Cerca de 130 mil dos 2,4 milhões de eleitores não puderam votar por não terem sido registrados a tempo.
Em alguns dos 8.995 locais de votação do país, até as 10h de ontem (14h em Brasília), as urnas ainda não haviam sido abertas por causa do atraso na chegada das cédulas. A eleição estava prevista para ter começado às 7h.
O fim da votação estava previsto para as 18h de ontem, mas foi adiado para as 20h por causa dos atrasos. Os primeiros resultados devem sair hoje. O comparecimento foi estimado por autoridades em 80% dos eleitores.
"Estamos vendo como é complicado o procedimento de votação", disse em Manágua (capital) o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, observador da eleição. O ex-secretário de Estado James Baker também está na cidade por causa da eleição.
Além do problema do tamanho das cédulas, de um metro de comprimento, havia confusão também com as seis eleições que estavam ocorrendo ao mesmo tempo (parlamentares, locais e para o Parlamento Centro-Americano) e com a existência de 23 candidatos para a Presidência.
Mas, segundo as pesquisas de opinião pública, apenas dois deles tinham chance de vencer.
Daniel Ortega, 50, líder da revolução de 1979 e presidente entre 1984 e 1990, concorre com o advogado conservador e produtor de café Arnoldo Alemán, 50.
Se nenhum dos candidatos conseguir obter 45% dos votos, haverá um segundo turno entre os dois em novembro.
No início da campanha eleitoral, Alemán vencia Ortega nas pesquisas com uma vantagem de 20 pontos percentuais.
Mas a disputa se acirrou depois que o ex-presidente do país começou uma campanha em que pediu desculpas pelos erros do passado e disse ter adotado idéias da economia de mercado.
Nos anos 80, os sandinistas, liderados por Daniel Ortega, implantaram uma série de estatizações e lutaram contra guerrilheiros apoiados pelos Estados Unidos, chamados de "contras".
Mas o arcebispo Miguel Obrando Bravo, apesar de dizer que a igreja é imparcial, citou uma parábola em que uma víbora diz ter mudado, mas acaba matando moradores de um aldeia, em referência a Ortega.

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