São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
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Médico diz que intervenção foi satisfatória

OTÁVIO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O escritor baiano Jorge Amado, 84, submeteu-se ontem de manhã, no hospital Aliança, em Salvador, a uma intervenção no coração, cujo resultado foi considerado "satisfatório" por seus médicos.
A intervenção chama-se angioplastia e teve como objetivo desobstruir a artéria circunflexa, uma das mais importantes do coração, que estava interrompida por placas de gordura em dois pontos. Num deles, a obstrução era superior a 90%.
O escritor está internado desde o último dia 13, quando sofreu uma crise de angina (dores no peito causadas por oxigenação insuficiente do coração).
Realizada pelo hemodinamicista Heitor Carvalho, 52, a angioplastia demorou quatro horas, bem mais do que os 90 minutos previstos.
"No momento da intervenção, a obstrução mostrou-se mais complexa, com presença de calcificação, o que causou dificuldades técnicas iniciais", explicou o cardiologista clínico Jadelson Andrade, 45, médico particular de Amado desde 93, quando o escritor sofreu infarto. "Com a calcificação, a artéria perde elasticidade, dificultando a introdução do cateter."
Na angioplastia, um cateter (espécie de sonda guiada) com um balão desinflado na ponta é introduzido na corrente sanguínea. Ao chegar ao local da obstrução, o balão é inflado e desinflado diversas vezes, "amassando" a placa de gordura contra a parede da artéria.
No caso de Amado, no ponto mais comprometido da artéria foi instalada uma prótese chamada "stent" -uma espécie de cilindro de malha metálica-, que diminui a possibilidade de a placa de gordura voltar a se formar.
Durante a intervenção, o escritor ficou levemente sedado, mas consciente. Depois, foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde deve permanecer por um período de 24 a 48 horas.
Em seguida, ficará sob tratamento semi-intensivo e, por fim, será transferido para um quarto comum. Se tudo correr bem, ele pode ter alta até o final da semana.
Riscos
"O risco ainda não foi afastado, mas, durante o procedimento, poderiam ter ocorrido coisas que exigiriam uma cirurgia de emergência. À medida que o tempo vai passando, essa possibilidade vai ficando menor", disse.
Os médicos também são cautelosos em proclamar o sucesso da desobstrução. "A angioplastia tem um problema que é a possibilidade de retorno da obstrução. Isso acontece em cerca de 30% dos casos", disse Carvalho. "Com a colocação do 'stent', a reincidência cai para algo entre 10% e 20%."

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