São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Ostra dá lucro no mar catarinense

FELIPE MIURA
ENVIADO ESPECIAL A PALHOÇA (SC)

O cultivo de mariscos no litoral de Santa Catarina, maior produtor nacional, ganhou impulso nos últimos três anos com a difusão da
ostra do pacífico.
A previsão para este ano é que sejam coletadas 5.000 toneladas de ostra e mexilhão.
Desse total, cerca de 400 t de ostra do pacífico, originária do Oceano Pacífico, deverão ser produzidas por 45 criadores até dezembro. As mais de 4.000 t restantes são de mexilhão.
A ostra do pacífico (Crassostrea gigas) chegou em 1987 ao Estado, mas sua propagação mais intensa teve início há três anos devido ao aumento na produção de sementes pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Sementes são ostras em fase inicial de desenvolvimento.
A ostra do pacífico não se reproduz naturalmente no litoral de Santa Catarina. Tudo é feito em laboratórios da universidade.
Maior retorno econômico e tecnologia de outros países são responsáveis pelo incremento da produção da ostra do pacífico.
Os EUA, Japão, Coréia do Sul, França e México produzem a ostra do pacífico em escala comercial.
A espécie foi introduzida no Brasil por meio do Rio de Janeiro.
Segundo o pesquisador Carlos Rogério Poli, da UFSC, o mercado está pagando hoje de R$ 4 a R$ 6 a dúzia, valor quase quatro vezes superior ao R$ 1,50 obtido na venda de 1 kg de mexilhão.
"O bom preço faz a produção catarinense de ostra do pacífico dobrar a cada ano", diz Poli.
Os principais cultivos estão localizados nos municípios de Governador Celso Ramos (50 km de Florianópolis), Palhoça (20 km de Florianópolis) e nos arredores da capital catarinense.
A UFSC presta assessoria para a implantação de projetos de criação de ostras e comercializa a R$ 10 o milhar de sementes.
O laboratório de criação de moluscos da UFSC deverá produzir 12 milhões de sementes em 96 e projeta chegar a 60 milhões em 98.
Ele diz que pelos cálculos da UFSC o investimento inicial para alojar 400 mil sementes anuais é de R$ 34 mil. "O faturamento pode chegar a R$ 72 mil/ano", diz.
Cultivo
Para serem cultivadas, as sementes das ostras são colocadas nas chamadas "lanternas", nome que os caiçaras dão aos tanques-redes.
As lanternas são colocadas em estruturas fixas ou em espinhéis flutuantes (cordas suspensas por bóias) instalados em baías, onde elas ficam menos expostas às correntes marítimas.
As ostras crescem alimentando-se de plâncton e ficam, em média, seis meses sob a água.
Menos rentáveis, os mexilhões são criados por aproximadamente 500 produtores em Santa Catarina.

Onde saber mais -Universidade Federal de Santa Catarina, tel. (048) 232-3279.

Os jornalistas Felipe Miura e Cesar Itiberê viajaram a Santa Catarina a convite da Moluskus.

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