São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Prefeitura manda retirar 250 eucaliptos

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo mandou que a construtora OAS retirasse hoje os cerca de 250 eucaliptos que ela plantou nas avenidas Água Espraiada e Faria Lima (zona sul). A construtora demitiu dois funcionários que autorizaram o plantio.
Por determinação judicial, a prefeitura está proibida de plantar eucaliptos na cidade.
A proibição foi embasada em estudos da Câmara Municipal, que, depois de ouvir especialistas, elaborou um dossiê mostrando que o eucalipto não é uma árvore ideal para ambientes urbanos.
A Comissão Parlamentar de Estudos foi proposta pelo vereador Roberto Trípoli (PSDB).
Segundo José Manoel Gobbi Oliveira, da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo, o eucalipto é uma árvore exótica (estrangeira), que foi trazida para o Brasil da Austrália.
É considerada uma árvore "agressiva", que suga água do solo em excesso e acaba matando outras árvores vizinhas. Se dá muito bem em solos pobres e pode atingir 30 metros de altura ou mais. Além disso, uma das características do eucalipto é a facilidade com que seus galhos quebram. Plantados na cidade, oferecem risco para pedestres.
Em 1994, antes da proibição judicial, o prefeito Paulo Maluf anunciou que plantaria 1 milhão de eucaliptos na cidade. As mudas seriam doadas pela empresa de sua família, a Eucatex.
Ontem, o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Werner Zulauf, mandou um ofício à Emurb solicitando a retirada imediata das árvores e o replantio de 250 mudas de quaresmeiras, sibipirunas e paus-ferro, "árvores nativas, resistentes e apropriadas para a cidade".
Se a OAS não retirar as árvores, a própria Secretaria do Verde e do Meio Ambiente pretende fazê-lo.
A Emurb informou que a construtora OAS, responsável pelas obras nas avenidas, decidiu pelo plantio de mudas de eucalipto para evitar que os terrenos centrais e laterais da avenida fossem invadidos por sem-teto.
Segundo a Emurb, os funcionários demitidos não sabiam da polêmica dos eucaliptos na gestão Maluf. Procurada pela reportagem, a OAS não quis se manifestar. A Folha não conseguiu localizar os funcionários demitidos.

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