São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Dados mostram "paradoxo"

DA REPORTAGEM LOCAL

Os dados divulgados ontem pelo Ipea mostram um paradoxo, na opinião da coordenadora de pesquisas do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Nancy Cardia.
"Se, por um lado, a sociedade conseguiu uma redução bárbara na mortalidade infantil, por outro lado não impediu o aumento na mortalidade entre os jovens, que vem crescendo desde a década de 70", afirma.
Para ela, a prevenção da morte de jovens não vem acontecendo. "O grande aumento aconteceu a partir do momento em que as oportunidades econômicas foram se restringindo, com o refluxo do milagre econômico", afirma.
Segundo ela, a situação se agravou com o declínio dos investimentos públicos em educação, lazer, transporte e habitação e com a queda na oferta de trabalho.
Cultura de competição
Para o presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Jairo Fonseca, seria necessária uma campanha de educação para reverter a cultura de competição, individualista.
"A sociedade em que vivemos não é solidária, é destrutiva. A questão não se resolve com mais polícia na rua ou com presídios melhores. É um problema cultural", afirma Fonseca.
Para ele, a qualidade de vida também é afetada pela violência. "Todo o desenvolvimento médico aumentou a expectativa de vida, mas, por outro lado, qualquer um está sujeito a morrer de forma violenta. É uma roleta-russa. Ninguém está a salvo", disse.

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