São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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'Mães' caminha pelo desacerto local

EDUARDO SIMANTOB
DA PUBLIFOLHA

É como se o cinema tivesse descoberto só agora a luta pela soberania da Irlanda do Norte.
Primeiro veio o sucesso de "Em Nome do Pai", de Jim Sheridan. Depois, o inglês Ken Loach lançou seu "Agenda Secreta", e agora a Mostra traz "Mães em Luta", filme de estréia do ex-jornalista Terry George na direção.
Mas George não é neófito. Com uma boa bagagem de documentários nas costas, assinou o roteiro de "Em Nome do Pai" com Jim Sheridan. A parceria vingou e "Mães em Luta" vem como que numa sequência, não só fílmica, como histórica.
Estamos em 1981, com Margareth Thatcher assumindo o cargo de primeira-ministra do Reino Unido, insinuando não só o triunfo do neoliberalismo, mas também uma postura "linha dura" em relação à Irlanda do Norte.
O filme reconta a crise por uma greve de fome feita por membros do IRA (Exército Republicano Irlandês) na cadeia, causando a primeira grande crise do governo Thatcher.
Conduzida pelo drama de duas mães de ativistas, a história busca espelhar as diferenças de postura dos católicos na Irlanda do Norte.
A sra. Quigley é a pacata professora, avessa a ativismos e violência, que nada sabe da militância de seu filho. Por um espectro mais ideológico, poderia ser rotulada simplesmente de "alienada".
Já a sra. Higgins odeia ingleses, não tem medo de encarar as tropas da rainha e apóia incondicionalmente a ação do filho no IRA.
São elas que conduzem a narrativa, fugindo o diretor George de uma simples reconstrução do clima na época, mas também sem cair na apelação de explorar o tal amor materno em choradeiras de novela. As mães em luta de Sheridan e George parecem bater-se mais com suas convicções do que contra a ingerência inglesa na Irlanda.
A greve de fome dos filhos detona o dilema: até que ponto apoiar o terrorismo e o assassinato de "filhos de outras mães" -como sugere o título original em inglês.
E também pesar o preço de se ignorar a pre

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