São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Suíça usou dinheiro de contas de judeus

Bens foram dados a suíços

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Suíça divulgou ontem um protocolo de um acordo feito com a Polônia em 1949 segundo o qual dinheiro de judeus poloneses depositado em bancos suíços foi usado para indenizar suíços.
Com medo de ter seus bens tomados pelos nazistas, os judeus poloneses os colocaram em bancos suíços. Parte do dinheiro (US$ 1,6 milhão, segundo o protocolo) não foi reivindicada depois.
Na última sexta-feira, a Suíça revelou que tinha feito um acordo com a Polônia segundo o qual o dinheiro de judeus não reivindicado até 1954 seria dado para o Banco Central da Polônia. A Suíça negou ter ficado com os bens.
Mas ontem o país divulgou um protocolo que indica que os bens dos judeus foram usados para indenizar suíços que tiveram suas propriedades confiscadas pela Polônia comunista. A devolução dos bens suíços pela Polônia estava prevista no acordo, e o valor foi estimado em US$ 41,5 milhões.
"No início de cada mês, a partir de 1º de janeiro de 1951, o balanço da conta 'N' vai ser creditado ao governo suíço, que o usará como pagamento parcial da compensação global fixada nos artigos primeiro e terceiro do tratado", dizia o protocolo divulgado ontem.
A conta "N" era o nome da conta usada para guardar o dinheiro de judeus não reivindicado pelos seus donos. Os artigos a que se refere o texto tratam da indenização dos suíços pelos bens confiscados pelo regime comunista polonês.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Suíça confirmou inicialmente que o texto do protocolo indicava que o dinheiro dos judeus foi usado para indenizar suíços. Mais tarde, outro porta-voz disse que apenas "poderia haver uma relação entre os fatos".
O Congresso Judaico Mundial pediu ontem que a Suíça pague imediatamente o dinheiro usado nas indenizações para os judeus ou para seus descendentes.
O grupo pediu uma investigação imediata nos acordos feitos entre a Suíça e outros países ex-comunistas depois da Segunda Guerra.

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