São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Clinton quer ampliar a Otan até 1999

RUPERT CORNWELL
DO "THE INDEPENDENT", EM WASHINGTON

O presidente Bill Clinton estabeleceu ontem um dos calendários mais claros dos Estados Unidos para a expansão da Otan.
Ele disse que uma primeira bateria de países ex-comunistas deve fazer parte da aliança militar ocidental no máximo até 1999.
Em um discurso para especialistas em política externa e líderes comunitários em Detroit (Meio-Oeste), Clinton insistiu que os EUA vão ser "mais seguros e mais fortes" com o crescimento da Otan.
Disse também que o crescimento da aliança não representava nenhuma ameaça a não-membros da Otan, uma nova tentativa de acabar com as preocupações da Rússia sobre a aliança, que levaram Moscou a ameaçar não ratificar um acordo para redução de armas.
Agora, o governo finalmente estabeleceu um teto para o crescimento da Otan, escolhendo o 50º aniversário da criação da aliança e o 10º da queda do Muro de Berlim, símbolo do fim da Guerra Fria.
Política externa
Foi a sua primeira proposta real de política externa da campanha. Clinton deixou claro que outros países poderiam entrar na aliança depois: "A Otan deve continuar aberta a todas as democracias emergentes da Europa que estiverem prontas para carregar as responsabilidades de ser membro."
O presidente não disse quais países seriam convidados para uma cúpula sobre o assunto em 1997, cuja data exata será decidida pela Otan em dezembro. Mas devem fazer parte do primeiro grupo a Polônia, a Hungria, a República Tcheca e, talvez, a Eslovênia.
Imediatamente, a Polônia respondeu entusiasticamente às declarações do presidente.
"O povo americano deve saber que esse plano não é livre de custos. A paz e a segurança não estão disponíveis por um preço baixo. O crescimento da Otan vai significar estender a maior garantia de segurança aos nossos novos aliados."
O objetivo de Clinton foi se projetar como um estadista acima dos ataques da campanha eleitoral.
Local
Não foi por coincidência que ele escolheu o Meio-Oeste, região industrial onde moram muitas pessoas vindas do Leste Europeu e seus descendentes. A maioria deles apóia qualquer iniciativa que distancie seus países da Rússia.
Clinton se sobressaiu ontem numa área em que tem poucas diferenças em relação ao seu opositor, Bob Dole. Os dois defendem a economia de mercado na Rússia, são contra isolar a China e têm a mesma preocupação com os russos em relação ao crescimento da Otan.

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